Acesse a revista #Textão nº7
clicando -> AQUI!
DIAGRAMAÇÃO:
Bruno Alves e Nivaldo Vasconcelos
REVISÃO:
Felipe Benício
EDITORES:
Bruno Alves,
Rayane Góes e
Nivaldo Vasconcelos
Realização:
Coletivo Volante de Teatro
Editorial
2018 nos deixou muitas marcas. Algumas positivas e outras
que ainda vão demorar a curar.
Nesta edição e no ano II da revista, queremos celebrar
aquilo que nos cura e fortalece. Celebrar essa arte que tanto nos alimenta.
Passaram-se alguns meses desde a última edição dessa
revista. Foi preciso tempo para se reorganizar, se fortalecer e recomeçar.
Não têm sido tempos bons, para nós artistas, esses últimos
anos. É crescente a onda que vem na nossa direção, acusando-nos mesmo à
distância, sob a proteção de suas telas, pois, na sua grande maioria, ela é
formada por pessoas que nunca estiveram perto de nós e, se estiveram, não foi
de maneira verdadeira. Tudo bem que existem as pessoas ingênuas, que são
enganadas pela onda que a tudo quer arrastar.
A onda invadiu as nossas ruas, televisões, redes sociais,
teatros, museus e até mesmo a nossa família. O primeiro dia do ano tinha cheiro
de ressaca do mar.
Começamos o ano com a concretização da ameaça de extinção do
Ministério da Cultura e a continuidade de censuras que se espalham pelo país.
Aqui em Alagoas tivemos a exoneração da antiga secretária de
cultura que nunca nos representou.
Mas em meio a ondas rosas e azuis, queremos pintar um
arco-íris.
É sobre resistir que queremos contar um pouco nessas páginas.
Resistência das mais variadas maneiras.
É também sobre esse eterno recomeço que a gente vive. A não
linearidade da vida e esses fragmentos que vivemos não determinam a nossa
existência e nos dão a esperança e a certeza de que nada é permanente.
Respiremos e juntes resistiremos.
Resistiremos como o antipalhaço
de Jeff Vasques, fazendo da nossa arte um manifesto anárquico, louco, sábio,
crítico, poético, trágico; reinventando o fluxo como fez a CIA do Chapéu; dançando
como a CIA de Teatro e Dança Aiê Orum, que dança o pertencimento e, com sua
dança, combate o racismo e toda forma de discriminação; lutando como uma
palhaça, como fazem as organizadoras do Festival de Mulheres Engraçadas de
Maceió – FEME; buscando forças para amar
e fazer da arte a nossa vida ou da própria vida a sua arte, como Dayane Telles,
de Arapiraca; teremos cuidado e atenção para rever os passos, os lugares ou
mesmo as escritas, como fez o nosso revisor, Felipe Benicio, com essa edição; criticaremos
o que fazemos e o que fazem de nós como se propõe o Coletivo Filé de Críticas,
coordenado por Lili Lucca e Jocianny Carvalho, com o qual colaboro, e que foi
responsável, junto ao Coletivo Volante de Teatro, pela mobilização para esse
apanhado crítico dos espetáculos que aconteceram no Festival de Artes Cênicas
de Alagoas — FESTAL, em outubro, e na Aldeia SESC Arapiraca, em setembro.
E, por falar em Festal, essa
edição é também para celebrar a quarta edição desse festival colaborativo,
organizado e gerido pela Rede de Artes Cênicas de Alagoas, composta por
quatorze grupos e artistas alagoanos.
Em 2018, o Festal aconteceu no
período pós-primeiro turno das eleições. Choramos juntes muitas vezes pela
falta de empatia que se alastrou sobre as pessoas no nosso país e nos nossos
ciclos de amizade, mas também celebramos a força da nossa coletividade por
estarmos juntes construindo o festival.
A gente acredita na força de
estar junte. A gente escolheu estar junte.
Dançamos, cantamos, fizemos
cirandas no meio da poeira para não esquecer quem somos e, principalmente, para
entender que de mãos dadas nada irá nos deter, nenhuma onda.
Agora a ciranda se completa com
cada pessoa que se dispôs a escrever para essa edição e com você, que agora nos
dá a sua mão e dedica um pouco do seu tempo para ler esses afetos
compartilhados. É bom ter vocês por perto! Não soltemos nossas mãos. Nossa
ciranda é forte e nós não estamos sozinhes.
Juntes nós somos um oceano imenso
de força e transformação.
Bruno Alves