06 setembro 2017

Eu, Severina. Por Lili Lucca



Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta...
João Cabral de Melo Neto
Fui ver Volantes, encontrei Severino. E Severino, nos veio com uma conversa cheia de voos. Sim ele é um volante, assim intitulado pelo Bruno, eles tem capacidades de voar e pousar. O Pontal é um dos lugares mais encantadores da capital, já fico em outro estado com tanta poesia que ali habita, a gente desacelera e acalma quando chega o balançar da vida é outro. E batendo palmas, como se estivesse a nossa porta, pra pedir uma água, pra fazer uma pergunta, iniciar um diálogo, Severino se apresenta falante e contente.
Creio que é há sina de todo artista caminhar, sempre em busca de algo, em busca do desconhecido, de sonhos, de vidas, e escavamos todas as possibilidades do nosso ser, precisamos estar em vigia na vida. E Severino começa assim sua caminhada com uma carroça de fitas, pega por onde passa seus elementos que trazem suas memórias, e nelas emoções, medos, alucinações, lições e afetos. E nessa empreitada de andar e encontrar, ele quer o que todos mais querem. A FELICIDADE. E cheio de fé ele nos anuncia e nos pergunta incessantemente.
Onde tá a felicidade? Vocês sabem onde tá a Felicidade? Onde eu acho a Felicidade?
Tem palavra trocada que até hoje é presente na vida da gente, creio que essas são aquelas que atravessam a alma e nos marcam pra sempre e nessa conversa com Severino, nos identificamos. O incansável andarilho sonhador, que pinta o rosto e carrega histórias na carroça encontra com a morte, se ela é real ou não,não interessa ela o desafia e ele como nós jamais desiste da vida e do que ela nos propõem a todo instante. Felicidade.
Embaixo do nosso nariz, em cima da ponte, do nosso lado sentada no sofá, ou dentro de um baú. Sua sina é procurar a bendita felicidade. E quem todo dia não levanta espiando os cantinhos da vida a sua procura?
"Ao caminhar por certas ruas e usar seus lugares públicos, o homem cria suas próprias histórias e mitos; seus passos tornam-se a fala da língua da cidade.Nesse sentido, o espaço não é um lugar definido ou fixo, mas um não-lugar, que se torna vivo através da re-apropriação dos lugares praticados."Cabral.Biange
Volante é aquele que pode ser transportado pra qualquer lugar, assim se realiza essa conversa com Severino, em meio ao seus contos conversamos com nós mesmos. O que mais encanta em Volante é que é um conversa sincera, tem fragilidades sim, mas quem de nós nessa vida não as tem, penso que elas vão no andar do Severino se fortalecer e criar sempre um novo tempo de cena pra ele. Ele que tem muito a contar e receber por onde passar. Espero ir novamente ao seu encontro, anseio que Severino precise de outros espaços, por isso cito Cabral acima. Mas com ou sem a felicidade quero estar presente na busca de me ver novamente na sua cena. Bruno to aqui pra conversar mais da sua cena e avise Severino que espero que ele encontre a felicidade que nos traz.
Por _ Lili Lucca
Volante de Bruno Alves Atuação e Dramaturgia: Bruno
Direção: Nivaldo Vasconcelos Maquiagem e
Produção: Rayane Wise
Figurino e Adereços: Fernanda Vasconcelos, Bruno Alves e Nivaldo Vasconcelos
COLETIVO VOLANTE


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