19 maio 2016

Pequenas constatações aos 29 anos


O tempo passa.
O tempo pode se tornar eterno quando a gente quer e rápido quando a gente menos espera. "Ele não é uma coisa. É um senhor".
Desisto de bater o tempo "certo" das coisas. 
Crescer dói bastante. É clichê, mas é verdade pra mim.
Ninguém tem a obrigação de preencher o vazio do meu peito.
Tenho tido mais paciência para entender de onde vem a causa do medo, insegurança e ansiedade.
Não corro mais atrás do Coelho branco de colete e com relógio.
Corro à frente.
Há dez anos amor, para mim, era cereja do bolo.
Hoje amor é todo o bolo.
Eu encontrei um amor.
Tem pessoas que conheci em um dia e amo até hoje.
Tem pessoas que amei um dia, mas não sei em que mundos habitam hoje. 
Cresço e diminuo várias vezes ao dia.
Cresço e diminuo.
Diminuo e cresço.
Às vezes estou pequeno demais para alcançar a porta da saída.
Às vezes estou enorme e não caibo em mim.
Nunca gostei de ser homem. 
O que aprendi que era "ser homem" nunca me interessou, não gosto e não poderei ser.
Nunca fui adepto a relógio de pulso.
Nunca usei carteira de por documentos.
Nunca quis sequer tirar documentos.
Furei as duas orelhas de novo.
Comprei uma bicicleta de novo.
Perdi o meu pai muitas vezes ao longo da vida, mas no fim do ano passado foi sua partida.
Fechar os olhos e lembrar de coisas boas me ajuda a esquecer o medo.
Parei de fazer terapia.
Desisti do plano odontológico.
Desisti do curso de pandeiro.
Desistir me ajuda a saber que tem coisas que eu simplesmente não posso continuar.
Percebi que alguns erros simplesmente se repetiam nos últimos anos e que era hora de mudar a direção.
Ainda me pego errando as mesmas coisas.
O encontro é a melhor coisa da vida. Alguns nos fazem crescer, outros diminuir.
Não gosto da cantiga do "parabéns pra você"... Deve ser trauma...
Mudei de casa e cidade algumas vezes nos últimos anos.
Gosto de ficar em casa.
Gosto de sair de casa e observar a vida acontecer sem ser notado.
Tenho desejado não sumir nos últimos tempos.
Sou um péssimo taurino.
A vida é boa, mas às vezes corta sem dó o peito com sua faca afiada.
Tenho conhecido muita gente legal.
A vida me afastou de outras tantas que era necessário.
Vai ter sempre um novo amigo para encontrar. Nenhum amigo morre, mesmo que seja numa lembrança boa ele ou ela vai estar vivo.
Espero nunca mais fazer dieta. Prefiro a barriga.
O medo é uma coisa que morre fácil quando a gente o encara de frente.
Alguns medos não morrem, mas também não mordem.
Estou aprendendo a domar o medo.
Não sou o que quero ser. 
Nem sei precisamente o que quero ser.
Sou o que posso ser hoje...
Eu realmente não gosto de acordar cedo.
Prefiro quando chove.
Prefiro quando faz frio.
Prefiro café a qualquer momento.
Sucesso para mim é uma coisa diferente do que me disseram um dia.
Já fui católico, mas hoje não consigo seguir o compromisso com uma religião, qualquer que seja.
Deus é menos ruim, feio e assustador hoje.
Achei que não iria casar. Casei. 
Casamento não é o que me disseram. Que bom!
Esses manuais de instruções que nos dão quando vamos crescendo não servem pra nada. 
Tive que descobrir uma nova maneira de perceber as coisas, a minha. 
Sou tão falho que me surpreendo.
Sou tão cruel que não compreendo.
Sou tão fraco que me repreendo.
Carrego fracassos maravilhosos.
Hoje eu não tenho carro, não tenho casa e nem um trabalho fixo e vou muito feliz.
Não tenho mais pressa em terminar a faculdade, alias, se eu tivesse um filho diria para ele descobrir a leitura do mundo primeiro.
Está na hora de terminar a faculdade e encerrar esse ciclo.
Gosto de ficar sozinho. Aprendi a vencer o medo de estar sozinho comigo. 
Preciso pelo menos uma vez ao dia estar sozinho comigo.
Gosto de andar de ônibus em silêncio. Entrar e sair sem nada acontecer a não ser o movimento da paisagem nos meus olhos.
Continuo a evitar filas.
Não sou e nunca fui um bom consumidor. Odeio shopping center.
Tenho mais cachorros e gatos do que aos 20.
Tenho menos expectativas do que aos 15. Isso é bom para mim.
Fico em silêncio mais por preguiça de responder.
Acho que os que têm certeza das coisas são maravilhosos. Só não acredito neles.
Prefiro escutar.
Prefiro olhar no olho.
Prefiro um abraço.
Prefiro sorrir.
Estou aprendendo a levar as coisas com leveza, mas às vezes tudo dói.
Hoje pensei em ter um filho, às vezes eu penso, mas passa e volta de vez em quando.
Gosto mais de sexo hoje.
Reaprendi a amar minha cidade natal.
Estou me sentindo mais seguro hoje. Espero que dure até amanhecer.
Estou aprendendo a me amar.
Acho à espera do reconhecimento do outro frustrante.
Gostaria de não esperar isso ao longo da minha vida.
Plantei ervas e coisas verdes no quintal.
Gosto de ficar na rede, como agora.
Gosto de ficar com o pé no chão.
Gosto de fazer carinho em terra.
Gosto de som de chuva e cheiro de terra molhada.
Silêncio é presente. Silêncio é coisa muito boa.
Gritar eu preciso todo dia.
Minha maior felicidade clandestina é comer torta de chocolate com refrigerante no Danúbio.
Prefiro o gosto salgado na boca.
Não gosto de novela, séries ou coisas que durem temporadas e capítulos intermináveis, mas às vezes sou surpreendido e assisto até o fim.
Nao tenho medo do fim.
As coisas duram o tempo que tem que ser.
As coisas acabam.
A vida é recomeço. Reinvenção.
Assisto tv cada vez menos, por decepção.
Vicio -me em qualquer reality show, por isso evito.
Prefiro a raiva do que a indiferença.
Prefiro o sim e o não.
Prefiro o amor.
Tenho cada vez menos certezas.
Tenho cada vez mais dúvidas.
Disseram-me para eu aprender a me perdoar. 
Culpa é coisa ruim.
Arrependo- me de muitas coisas que fiz, arrependo-me muito, 
mas eu me perdoo.
Sigo errando até acertar.
Metas para os próximos anos:
Fazer uma tatuagem,
Comprar uma Kombi e
Deixar o cabelo crescer.
Não sou maduro o suficiente.
Não sou seguro o suficiente.
Não sou honesto o suficiente.
Não sou tantas coisas. 
Sou outras tantas.
Não sei quem sou.
Bruno.
(Há dez anos escrevi um texto com essa narrativa. Não fosse a forma em nada lembraria o de agora. Gratidão pelas mensagens. Destaco o desenho da linda camisa do Heteaca Costumizacoes de Camisetas de Gessyca Geyza)

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