01 agosto 2017

Prêmio Eris Maximiano: 9º Passo - Grota da Moenda


Era domingo de manhã.

Todo mundo estaria em casa.

Desci os degraus. 








Muitos degraus.

Havia som de reggae em alguma casa.
Havia som de funk do outro lado.

Tinham pessoas festejando o final de semana.

Outras estendiam as roupas no varal.

Gatos e cachorros passeavam pelo espaço.

Desço os degraus. 

Estou chegando a casa da minha prima.

Espero ela voltar do mercado e começamos a conversar sobre a apresentação do espetáculo dentro da grota.


Colocamos as nossas conversas em dia.

Tomamos café.

Ao fundo do quintal o Riacho do Reginaldo.



Na frente da casa ruelas estreitas e degraus que dão acesso ao Bairro do Feitosa.

Tomamos café.

Eu ainda não havia dormido.

Sempre gosto de estar com minha prima.

Suas filhas já casaram, tem filhas e moram por lá também.

Caminhamos pelo espaço. 


Escolhemos juntos o local da apresentação.

Não existe uma praça dentro da grota.

Do outro lado do riacho do Reginaldo jovens garotos jogam futebol em um terreno. Um campo improvisado.

Não há área de lazer na grota.

De madrugada minha prima sobe os degraus e vai até o posto pegar ficha para o médico.

Não há posto de saúde dentro da grota.



Pela manhã na segunda-feira ela subiria os degraus com as netas para levá-las a creche e a escola.

Não há creches e escola dentro da grota.

Há igrejas.

Muitas igrejas e bares.

Na maioria dos bairros periféricos que visitei percebi a dificuldade de espaços de lazer e socialização,quer dizer, espaços que não fossem bares e igrejas.

Não é uma questão de ser contra ou a favor da presença desses espaços dentro das comunidades. Não estou falando nisso. Estou apenas observando que esses lugares acabam ocupando esse espaço de socialização dentro da comunidade e por mais que sejam "bons" não são suficientes.

Uma praça, um parquinho, uma quadra para esportes, por exemplo. São coisas que trazem saúde para as pessoas.

Maceió fecha os olhos para suas grotas.

 Maceió acha que está por cima.

Minha prima e suas vizinhas me ajudaram a escolher o local para apresentar a peça.

"Volante" vai estar lá do lado do Riacho do Reginaldo, porque é um espaço que caracteriza e marca esse lugar e por que por ali eu vi, sorri e fui feliz com minhas primas.

Subo os degraus e saio no bairro da Pitanguinha. Volto andando para casa e refletindo a vivência.


No viaduto do Cepa vejo senhores  com faixa pedindo a "intervenção militar".


No meio do canteiro senhores e senhoras brancas em clima de churrasco de domingo pediam que os carros buzinassem a favor da "intervenção militar".

Domingo, 30 de julho de 2017.


Maceió pensa que está por cima.

Essa Maceió de cima é tão carente que não se contenta com curtidas no facebook. 

Agora eles pedem buzinaço para alimentar suas existências babacas.

Bruno Alves

Esse projeto foi contemplado com o Prêmio Eris Maximiano de 2015.


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