25 dezembro 2015

Dezembro na Aldeia

Nos dias 18, 19 e 20 de dezembro aconteceu o nosso terceiro encontro de imersão na Aldeia Wassu Cocal na cidade de Joaquim Gomes – AL.
O projeto “AmeriAfroContos Volantes Chamam pra Roda” chega a uma fase muito importante para o processo de partilha de histórias e construção das rodas de contação.




Chegamos na aldeia na manhã da sexta-feira e fomos direcionados para a casa de dona Rosineide e seu Gunga. Preparamos o material da oficina e seguimos para a Comunidade da Pedrinha. Por lá iniciamos a oficina no horário da tarde com um público renovado. Jovens da comunidade estavam lá para participar da oficina que partilha de técnicas teatrais para ajudar na desenvoltura na hora da contação de histórias.

Cleci faz alongamento corporal

Rayane Wise conta história

Tamires Rodrigues faz preparação vocal

A oficina fluiu de uma maneira proveitosa. Xs jovens desenvolveram os jogos de uma maneira muito dinâmica. Fizemos um jogo que aqui vou chamar de “Reflexo de Emoções” na qual uma pessoa ia a frente e com o corpo e a voz transmitia uma emoção, os outros teriam que aos poucos irem transferindo aquela emoção visualizada para o seu corpo. Nós que fazemos a equipe do projeto iniciávamos o jogo e em seguida convidávamos os participantes a tomarem a frente. Isso aconteceu de forma espontânea e víamos em seus movimentos os reflexos de suas vivências. O corpo conta histórias.

"Reflexo de Emoções"


Outro momento que me chamou bastante atenção ao longo da oficina foi a roda de conversa na qual contávamos a história e significado dos nossos nomes. A escolha do nosso nome tem uma história por trás e reflete muito ao longo da nossa vida. Tínhamos ao longo da oficina a presença de uma das lideranças da comunidade o senhor Tapejara (Senhor do Caminho) que nos ouvia e vez ou outra anotava o significado de alguns nomes. Gostou do nome de nossa companheira Cleci que vem do Tupi e significa “mãe do pranto”.

Cleci significa "mãe do pranto"

A oficina com o publico de jovens rendeu bastante. Nos nossos próximos encontros começamos a construir as rodas de contação de histórias que serão realizadas dentro da comunidade.
Durante a noite da sexta e manhã/noite do sábado tiramos para conversar com as pessoas da Aldeia. Ouvíamos suas histórias e a ideia é que no próximo encontro possamos resignificar essas histórias com uma simbologia que fortaleça a vivência e o pertencimento das histórias que constroem aquele lugar. Muitas histórias foram ouvidas e muitas delas nos deram deixas para criarmos outras histórias para serem partilhadas na roda.

Pajé Benicio - Histórias vivas

O professor Toni Edson nos preparou durante a semana que antecedeu o encontro. Realizamos em conjunto todos os jogos que iríamos realizar na oficina e nos deu histórias indígenas para fortalecer nosso repertório e nos prepararmos para contarmos todos juntos na roda.
Sábado pela tarde realizamos a oficina na Comunidade da Jereba. O público alvo dessa vez foram as professoras duas escolas que existem na aldeia, falei professoras, porque por questões de agenda os professores não puderam comparecer. As professoras solicitaram a dona Rosineide a oferta da oficina.

Professoras da Aldeia Wassu Cocal


Uma experiência diferente com um olhar voltando para a contação dentro da sala de aula. A ideia da oficina foi oferecer ferramentas para as aulas e também criar uma roda de contação com as professoras.
Elas foram muito generosas e entregues nos jogos feitos. Tínhamos numa roda um público que tinha experiência com a sala de aula e que de certa forma já conta histórias para seus estudantes. Foi um aprendizado muito importante para nós, pois elas vivenciam uma educação diferenciada voltada para a cultura.
No final da oficina as professoras se reuniram e realizaram uma Roda de Toré. Fomos convidados a participar e entendíamos na prática todo o envolvimento daquelas mulheres na formação de seus filhxs.
Nessa tarde acontecia na escola uma reforma feita pelos membros da comunidade. Por lá ainda não existe biblioteca. Uma professora nos dizia que faz tempo que esperam uma resposta do governo estadual e que por enquanto iam improvisando lugares para oferecer um espaço de leitura e compartilhamento de histórias.

Voltamos no domingo trazendo na mala muito aprendizado e histórias. 

NOTA: O projeto “AMERIAFROCONTOS VOLANTES CHAMAM PRA RODA: A ORALIDADE DE QUEM DOMINA PELA VONTADE DE APRENDER DE QUEM RESPEITA” foi aprovado pelo Programa de Iniciação Artística - PROINART da UFAL e tem a coordenação do Professor Toni Edson.

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