O SESC-AL ofereceu de 02 a 05 de agosto o curso de
Dramaturgia de Ator/Atriz "Dançar Histórias - Entre Ações e Imagens do
Corpo", com Thais D'Abronzo. O curso começou no SESC Poço e terminou na
quadra da escola do SESC Jaraguá, o que em minha opinião foi um ganho enorme,
espaço muito bacana.
Quando vi o título fiquei bastante instigado em fazer parte
do curso. Avisei a Rayane Wise pra gente se inscrever e tentar a seleção para o
curso, pois seria importante para nossa “artesania”. Fomos selecionados. Algo
me dizia que seria um daqueles momentos que vivo que mexem e modificam muita
coisa dentro de mim. Foi.
2016 tem sido um ano de muitos encontros em minha vida. O
curso com Tiche Viana no começo do ano, a vivência na montagem da Cia do Chapéu
ao longo desses meses e agora Thaís D’Abronzo.
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kazuo ohno presente nos caminhos de thaís |
Foram cinco dias de bastante aprendizado e desorganização
interna. Essa desorganização me fez constatar muitas coisas e outras eu ainda não
entendo, mas sei que terei tempo para entender ou não.
Thaís traz consigo a leveza e a força de quem vive a 25 anos
pesquisando, descobrindo e reinventando suas possibilidades. Isso de cara me
leva, me deixa próximo de seu fazer numa espécie de vontade contínua de querer
chegar cada vez mais perto.
Não foi fácil o curso (e quem disse que seria?). Tive vontade
de chorar muitas das vezes e em outras eu até me perguntei “Mas é isso mesmo
que eu quero?”. Mas calma! Não houve nenhuma tortura ao longo dos encontros, houve
na realidade uma construção de artesania,
palavra utilizada por Thaís para definir o trabalho de ator, um caminho de
descoberta de si e do espaço e de tudo isso junto num único fluxo.
Fluxo!
Fluxo... Palavra presente em todos esses dias e
almejada e desejada e muitas das vezes por mim incompreendida.
O curso me aproximou de mim mesmo. Fez-me perceber meu corpo
de uma maneira que eu já tinha esquecido e em muitos momentos de maneira que eu
desconhecia.
“Cada pessoa é um teatro” dizia Thaís alertando para esse processo
de descoberta pessoal e entendimento da nossa presença no mundo.
“Não se ilustre, seja verdadeiro com você” batia com força
nessa tecla.
Acabou o curso e fiquei num processo de silêncio e barulho
interior. Estou até agora enquanto escrevo, aliás, demorei a escrever por que
não conseguia organizar nesse texto o que estou sentindo e talvez eu realmente não
esteja conseguindo.
Estou desorganizado aqui dentro.
O primeiro e maior questionamento que me vem na cabeça é que
eu preciso entender para onde vai esse conhecimento que vou encontrando pela
caminhada. Não adianta fazer todo curso do mundo se isso não vai ser usado de alguma
maneira, ou se não existe um direcionamento. Digo isso por que eu amo fazer
oficinas, conhecer o processo dos outros, trocar, eu amo isso, mas tem uma hora
que tem que dar uma pausa e se voltar pra uma coisa. Thais nos falava da
necessidade do mergulho naquilo que nos interessa, Tiche falou, Toni Edson
falou... Mas em que horas eu devo mergulhar? Será que já mergulhei? Eu não sei,
eu não sei...
Aliás, o melhor do curso para mim foi descobrir que estou em
um lugar que eu realmente não sei das coisas. Quando Thaís direcionava para um exercício
eu realmente não sabia fazer e alguns deles eu já tinha vivenciado nas oficinas
da Tiche, do Toni, mas mesmo assim eu não sei, ainda não sei, eu não consigo,
hoje eu ainda não consigo.
Daí o pessoal falava da necessidade de um tempo maior para o
curso, porém eu lembro que as coisas duram o tempo que tem que durar, o tempo
necessário para provocar as mudanças ou não dentro da gente. Eu vejo que não adiantará
para mim um mês de curso se eu não continuar a mergulhar nesse conteúdo que foi
vivenciado. Foi muita coisa. Muita informação. Coisa pra desenvolver por uma
vida toda. Que doido isso, né? Em cinco dias eu percebi que tenho um material
para trabalhar a vida toda.
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thaís nos apresentou ilka schönbein. é incrivel. |
O fluxo do movimento, do corpo com o espaço, a concentração,
a energia, os locais do corpo para direcionar a voz, a respiração...
Peloamordedeus eu respirei pela primeira vez na vida sentindo o ar pelo corpo
todo.
Daí eu vejo o quanto tenho que aprender, o quanto falta a
descobrir pra arriscar mais, pra ter um trabalho vivo e forte. É uma estrada
longa, mas o caminho se faz caminhando, ou como dizia Gessyca Geysa nas aulas
de Narrativas na Rua “Caminhe e o caminho se abrirá”.
Por hora a gratidão é imensa a Thaís por ser tão generosa e
respeitosa com sua arte. Foi maravilhoso vivenciar esses dias. Será inesquecível.
Disso tenho certeza.
Bruno Alves
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