Débora me enviou uma mensagem
convidando o coletivo para participar de um painel intitulado "Negócios que são espetáculos" e compartilhar um pouco sobre empreendedorismo em Artes
Cênicas no nosso estado durante o I Festival Alagoas Criativa organizado pelo
Sebrae-AL.
Aceitamos o convite.
Ao longo dos dias que antecederam
o festival muitas inquietações surgiram e perguntas do tipo: “Mas é para falar
sobre o quê? ”, "Somos empreendedores?".
Essas perguntas começaram a
surgir quando comecei a pensar sobre o empreendedorismo, confesso que nunca
tinha parado para pensar nesse empreendimento de vida que é o nosso trabalho
com o coletivo. Talvez eu não tivesse respostas suficientes de perguntas do
tipo: “Como fazer para sobreviver com Artes Cênicas em Alagoas?”. Essa, confesso
mais uma vez, tem sido a pergunta que mais temos tentado responder nesse ano de
2018, porque tem aparecido muita gente nos perguntando isso.
Fui de coração aberto levando
mais perguntas e inquietações do que respostas, até por que as respostas nós
ainda estamos buscando e todas as perguntas que nos cercam tem nos movido a
caminhar e dar um passo de cada vez.
Dentro de mim não haveria uma fórmula
para ser compartilhada ou um modelo de como fazer. Nós não temos uma forma fixa
na nossa criação, essa vai se moldando, se desconstruindo a cada encontro e
descobrindo outras possibilidades a cada dia. Somos um coletivo jovem, quatro
anos de caminhada, consideravelmente pouco tempo.
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André Lira mediou o painel. |
O mais legal de ter participado
desse painel foi saber que lá encontraria pessoas que empreendem tempo de suas
vidas na construção de coisas que as movem. Lá, nesse dia 01/09, estava para nos
receber André Lira, representante do Festival e mediador do painel, e também
Djaelton Quirino, ator do Teatro de Retalhos da cidade de Arco Verde – PE.
Conheça mais do Teatro de Retalhos AQUI!
Antes de começar o painel
Djaelton e eu conversávamos sobre trajetórias e ele me contava histórias do
Teatro de Retalhos que vem desde 2008 realizando um trabalho muito belo por
Pernambuco.
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As duas fotos são um registro de Elaine Lima. |
Quando começou o painel falei um pouco sobre a trajetória
do coletivo, das questões de precariedade que muitas vezes encontramos durante
nosso processo de criação, da falta de espaços alternativos para arte na
cidade, mesmo com tantos prédios e casas abandonadas. Falei que vamos
encontrando em atividades paralelas (oficinas, aulas, dentre outros) espaço de sustentabilidade
da nossa vida. Falei da ausência de políticas públicas para a cultura dentro do
nosso estado, da falta de leis de incentivo. Falei também do pouco interesse do
setor privado em apoiar muitas ações, pois estes muitas vezes estão sempre
visando grandes produções e geralmente grandes produções do eixo sul e sudeste
quando passam por aqui. Falei que dentro do coletivo vamos construindo nossos
figurinos, buscando outros espaços, produzindo nossas peças, fazendo e
aprendendo aos poucos a fazer as funções que poderiam ser feitas por outros
profissionais.
Sobre algumas dessas questões eu
tenho entendido como sendo parte da nossa narrativa, esse fazer artesanal, esse
espaço de autonomia que lutamos diariamente para manter caminhando.
Djaelton contou-nos sobre como é
fazer teatro em Arco Verde. Falou-nos de como o grupo foi importante para sua permanência
dentro da cidade. Eis uma questão que bateu forte comigo, pois fazem sete anos
que deixei minha terra natal, Viçosa – AL, para buscar outros caminhos, pois os
pouquíssimos que tinham por lá começavam a se fechar. Houvesse uma política pública
cultural dentro do nosso estado certamente eu teria ficado mais tempo em
Viçosa, ou talvez não tivesse saído, mas enfim, as coisas nem sempre são como a
gente imagina e também sou muito feliz de estar em Maceió e tendo a oportunidade
de dialogar e construir o caminho do coletivo, coisa que talvez não acontecesse
por lá, não dessa maneira, com essas pessoas e esse espaço cidade grande que
tanto nos provoca.
Conhecer a trajetória do Teatro
de Retalhos foi fortalecedor e inspirador.
A plateia participou, trouxe
questões para dentro do painel, uma moça da plateia era de Arco Verde, mora
aqui em Maceió agora, e emocionada nos contou a importância do Teatro de
Retalhos na sua vida e formação. Ouvindo aquele depoimento emocionado, também
reascendeu em meu peito muita esperança, porque no fim das contas a gente com
esse nosso teatro está buscando chegar no coração das pessoas. É sobre afetos que falamos. O que nos afeta e o que afeta o todo.
O Festival me fez também entender
que como coletivo somos sim empreendedores, estamos construindo pontes e
caminhos o tempo todo para esse nosso ofício.
O Festival foi também um caminho
que se mostrou como espaço de diálogo, trocas e fortalecimento.
Nós agradecemos a oportunidade!
Bruno Alves
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