08 setembro 2018

Sobre encontros e afetamentos no I Festival Alagoas Criativa


Débora me enviou uma mensagem convidando o coletivo para participar de um painel intitulado "Negócios que são espetáculos" e compartilhar um pouco sobre empreendedorismo em Artes Cênicas no nosso estado durante o I Festival Alagoas Criativa organizado pelo Sebrae-AL.

Aceitamos o convite.





Ao longo dos dias que antecederam o festival muitas inquietações surgiram e perguntas do tipo: “Mas é para falar sobre o quê? ”, "Somos empreendedores?".

Essas perguntas começaram a surgir quando comecei a pensar sobre o empreendedorismo, confesso que nunca tinha parado para pensar nesse empreendimento de vida que é o nosso trabalho com o coletivo. Talvez eu não tivesse respostas suficientes de perguntas do tipo: “Como fazer para sobreviver com Artes Cênicas em Alagoas?”. Essa, confesso mais uma vez, tem sido a pergunta que mais temos tentado responder nesse ano de 2018, porque tem aparecido muita gente nos perguntando isso.

Fui de coração aberto levando mais perguntas e inquietações do que respostas, até por que as respostas nós ainda estamos buscando e todas as perguntas que nos cercam tem nos movido a caminhar e dar um passo de cada vez.

Dentro de mim não haveria uma fórmula para ser compartilhada ou um modelo de como fazer. Nós não temos uma forma fixa na nossa criação, essa vai se moldando, se desconstruindo a cada encontro e descobrindo outras possibilidades a cada dia. Somos um coletivo jovem, quatro anos de caminhada, consideravelmente pouco tempo.

André Lira mediou o painel.

O mais legal de ter participado desse painel foi saber que lá encontraria pessoas que empreendem tempo de suas vidas na construção de coisas que as movem. Lá, nesse dia 01/09, estava para nos receber André Lira, representante do Festival e mediador do painel, e também Djaelton Quirino, ator do Teatro de Retalhos da cidade de Arco Verde – PE.

Conheça mais do Teatro de Retalhos AQUI!

Antes de começar o painel Djaelton e eu conversávamos sobre trajetórias e ele me contava histórias do Teatro de Retalhos que vem desde 2008 realizando um trabalho muito belo por Pernambuco.

As duas fotos são um registro de Elaine Lima.

Quando começou o painel falei um pouco sobre a trajetória do coletivo, das questões de precariedade que muitas vezes encontramos durante nosso processo de criação, da falta de espaços alternativos para arte na cidade, mesmo com tantos prédios e casas abandonadas. Falei que vamos encontrando em atividades paralelas (oficinas, aulas, dentre outros) espaço de sustentabilidade da nossa vida. Falei da ausência de políticas públicas para a cultura dentro do nosso estado, da falta de leis de incentivo. Falei também do pouco interesse do setor privado em apoiar muitas ações, pois estes muitas vezes estão sempre visando grandes produções e geralmente grandes produções do eixo sul e sudeste quando passam por aqui. Falei que dentro do coletivo vamos construindo nossos figurinos, buscando outros espaços, produzindo nossas peças, fazendo e aprendendo aos poucos a fazer as funções que poderiam ser feitas por outros profissionais.

Sobre algumas dessas questões eu tenho entendido como sendo parte da nossa narrativa, esse fazer artesanal, esse espaço de autonomia que lutamos diariamente para manter caminhando.

Djaelton contou-nos sobre como é fazer teatro em Arco Verde. Falou-nos de como o grupo foi importante para sua permanência dentro da cidade. Eis uma questão que bateu forte comigo, pois fazem sete anos que deixei minha terra natal, Viçosa – AL, para buscar outros caminhos, pois os pouquíssimos que tinham por lá começavam a se fechar. Houvesse uma política pública cultural dentro do nosso estado certamente eu teria ficado mais tempo em Viçosa, ou talvez não tivesse saído, mas enfim, as coisas nem sempre são como a gente imagina e também sou muito feliz de estar em Maceió e tendo a oportunidade de dialogar e construir o caminho do coletivo, coisa que talvez não acontecesse por lá, não dessa maneira, com essas pessoas e esse espaço cidade grande que tanto nos provoca.

Conhecer a trajetória do Teatro de Retalhos foi fortalecedor e inspirador.

A plateia participou, trouxe questões para dentro do painel, uma moça da plateia era de Arco Verde, mora aqui em Maceió agora, e emocionada nos contou a importância do Teatro de Retalhos na sua vida e formação. Ouvindo aquele depoimento emocionado, também reascendeu em meu peito muita esperança, porque no fim das contas a gente com esse nosso teatro está buscando chegar no coração das pessoas. É sobre afetos que falamos. O que nos afeta e o que afeta o todo.

O Festival me fez também entender que como coletivo somos sim empreendedores, estamos construindo pontes e caminhos o tempo todo para esse nosso ofício.

O Festival foi também um caminho que se mostrou como espaço de diálogo, trocas e fortalecimento.

Nós agradecemos a oportunidade!

Bruno Alves

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