Sempre gostei de escrever.
Escrever por aventura, ousadia ou
necessidade de organizar alguma coisa interiormente. Pode parecer uma
coisa muito clichê dizer tudo isso, mas dessa vez assumo meu lado clichê que
durante muito tempo se manifestou também na escrita.
Se tem uma coisa que sinto vergonha é
mostrar a alguém as coisas que escrevo e de repente quando vou ver numa atitude
“ousadamente” medrosa, me vejo pedindo para alguém dar uma lida e me trazer um
retorno.
Comecei o exercício da escrita ainda em
Viçosa, cidade que nasci e descobri minha paixão pelo teatro com o professor
Ronaldo Aureliano e a querida Roberta Aureliano, desde então escrevo, escrevo,
rasgo, escondo, leio, perco, encontro e vou aventurando nesse exercício gostoso
e até doloroso.
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Praça Gonçalves Ledo, Maceió - AL. Abril de 2014. |
Tudo bem! Chegou um tempo, e esse tempo é agora, que
em pleno fim de curso de Teatro Licenciatura na Universidade Federal de Alagoas
– UFAL, eu me via sem saber para onde ir, fruto de um processo avassalador de
intercâmbio no exterior que mudou minha vida e visão de mundo profundamente.
Quando eu ainda estava na cidade do Porto em Portugal
no início de Julho de 2013 fui convidado por meu amigo Leandro Silva para
imergir numa pesquisa, quase investigação policial, da biografia , da vida
verdadeira e negada por jornais de uma pessoa para construção de um espetáculo
teatral que correspondesse a vida e a voz daquela pessoa que havia sofrido uma
trágica injustiça. Essa experiência ainda está em processo, era o começo da
vivência em um processo colaborativo, mesmo em pontos distantes geograficamente
falando. A previsão é que essa gestação possa fazer nascer em breve o
espetáculo e para isso envolve pessoas de Porto – PT, Ceará, Alagoas e Rio
Grande do Sul, mas foi ali o grande começo pelo resignificar, o transformar
dados ou palavras do coração em texto e experiência teatral.
No 7º período da graduação, nesse primeiro semestre de
2014, participei da disciplina Montagem Cênica com o professor Marcelo Gianini
que me apresentou na prática o Processo Colaborativo na construção da
Dramaturgia Teatral, desde então, me apaixonei pela construção dramatúrgica que
nasce do deixar-se afetar pelas coisas, que vem do afeto pela vida e pelas
pessoas.
O espetáculo Volante que está em processo de
construção é fruto dessa observação do cotidiano, do deixar-se afetar pelas
coisas, de olhar mais de perto cada uma delas e resignificá-las na dramaturgia
teatral.
O Coletivo Volante não tem um lugar. Caminha em
direção ao coração e quer tocar na sensibilidade humana, quer espalhar poesia.
Cabe todo mundo. É um espaço que começo assumir como necessidade de estudar a
dramaturgia dos afetos e do que se afeta de forma compartilhada,
vivenciando experiências que contribuam com a autonomia do ser humano e
faça do ator/atriz/atuador, construtor e compositor de sua caminhada teatral.
Bruno Alves da Silva
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