16 abril 2015

Solar (2º encontro)

Fotografia de Mayra Costa durante oficina de Karina May
no Encontro Nacional de Vídeo, Intervenção e Performance.

Hoje foi dia de mais um encontro para meditar com o Solar: Laboratório de Meditação.
Iniciamos Karina e eu, por volta das 14h na Sala Preta do Espaço Cultural da UFAL.
Era preciso começar cuidando do lugar aonde iríamos meditar. Limpar a sala com panos e água é um pré-aquecimento amoroso com o espaço que nos acolhe. Lembrou-me de grupos de teatro que sempre limpam o palco juntos antes de apresentar ao  público, disseram-me uma vez que o Galpão(MG) sempre limpa junto o palco, lembra-me também o cuidado com a terra do trabalhador (a) que limpa o solo antes de plantar a semente.
Fotografia de Mayra Costa durante oficina de Karina May 
no Encontro Nacional de Vídeo, Intervenção e Performance.

 Pode parecer uma coisa simples, mas o ato de limpar o lugar de ensaio tornou-se para mim uma forma de me encontrar com o espaço e estabelecer uma relação de conforto e liberdade para poder se entregar a ele. Falei para a Karina na primeira vez que fizemos isso que esse ato eu carregaria para sempre em minha vida. Limpar o espaço é hoje para mim a primeira forma de me desligar do ambiente que deixei antes de chegar para o ensaio/meditação e estar pronto, limpo e entregue ao que está por vir.
Durante a nossa primeira  hora eu iria trabalhar através da meditação questões como a escuta, os possíveis sons que meu corpo poderia produzir sem precisar da palavra, em seguida o movimento e o som se encontrando e estabelecendo um possível novo movimento e por último a pausa, o silêncio e a respiração.
Terminada essa parte Karina me solicitou que eu fizesse a cena do encontro de Severino e a Morte. Refletiu comigo as diferenças da minha apresentação após a meditação e fez-me lembrar da energia que a cena tem durante o espetáculo. Estava diferente e parecia mais lento numa energia que não correspondia ao que a cena pede. Pediu que eu repetisse a cena sem usar as palavras, aproveitando dos sons que eu havia encontrado ao longo da meditação. Uma nova energia surgia. Um novo movimento colado junto do corpo e aos poucos parecia ser difícil comunicar sem usar a palavra já estabelecida pelo texto, porém fui percebendo que podia comunicar com aquele gesto que dançava com a voz na busca por uma expressão. Nessa segunda vez senti que uma relação nova se estabelecia com a cena e a possibilidade de vivê-la dentro de um novo ritmo e som poderia ser despertada a partir daqueles sons-movimento que eu descobria. Eu tinha um corpo a serviço do som que esse movimento despertava. Estavam juntos, colados! Foi um exercício que me possibilitou perceber a unidade entre corpo que não se separa da palavra, nesse caso o som que vinha como um ato primitivo antes de se tornar verbo.

Meditar hoje foi uma oportunidade de desvendar e se permitir descobrir novas formas de falar. Tendo um corpo que se movimenta na métrica de uma voz que se descobre no desenvolvimento desse corpo.

Vem sendo muito proveitosas essas tardes experienciando a pesquisa da Karina May e assim entendendo também o quanto é possível ir mais longe com a voz, com o corpo e com a essência do personagem. Semana que vem tem mais e eu quero meditar!

Bruno Alves,
16 de Abril de 2015

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