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Fotografia de Mayra Costa durante oficina de Karina May no Encontro Nacional de Vídeo, Intervenção e Performance. |
Hoje foi dia de mais um encontro para
meditar com o Solar: Laboratório de Meditação.
Iniciamos Karina e eu, por volta das
14h na Sala Preta do Espaço Cultural da UFAL.
Era preciso começar cuidando do lugar
aonde iríamos meditar. Limpar a sala com panos e água é um pré-aquecimento
amoroso com o espaço que nos acolhe. Lembrou-me de grupos de teatro que sempre
limpam o palco juntos antes de apresentar ao
público, disseram-me uma vez que o Galpão(MG) sempre limpa junto o
palco, lembra-me também o cuidado com a terra do trabalhador (a) que limpa o
solo antes de plantar a semente.
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Fotografia de Mayra Costa durante oficina de Karina May no Encontro Nacional de Vídeo, Intervenção e Performance. |
Pode parecer uma coisa simples, mas o ato de
limpar o lugar de ensaio tornou-se para mim uma forma de me encontrar com o
espaço e estabelecer uma relação de conforto e liberdade para poder se entregar
a ele. Falei para a Karina na primeira vez que fizemos isso que esse ato eu
carregaria para sempre em minha vida. Limpar o espaço é hoje para mim a
primeira forma de me desligar do ambiente que deixei antes de chegar para o
ensaio/meditação e estar pronto, limpo e entregue ao que está por vir.
Durante a nossa primeira hora eu iria trabalhar através da meditação
questões como a escuta, os possíveis sons que meu corpo poderia produzir sem
precisar da palavra, em seguida o movimento e o som se encontrando e
estabelecendo um possível novo movimento e por último a pausa, o silêncio e a
respiração.
Terminada essa parte Karina me
solicitou que eu fizesse a cena do encontro de Severino e a Morte. Refletiu
comigo as diferenças da minha apresentação após a meditação e fez-me lembrar da
energia que a cena tem durante o espetáculo. Estava diferente e parecia mais
lento numa energia que não correspondia ao que a cena pede. Pediu que eu
repetisse a cena sem usar as palavras, aproveitando dos sons que eu havia
encontrado ao longo da meditação. Uma nova energia surgia. Um novo movimento colado
junto do corpo e aos poucos parecia ser difícil comunicar sem usar a palavra já
estabelecida pelo texto, porém fui percebendo que podia comunicar com aquele
gesto que dançava com a voz na busca por uma expressão. Nessa segunda vez senti
que uma relação nova se estabelecia com a cena e a possibilidade de vivê-la
dentro de um novo ritmo e som poderia ser despertada a partir daqueles
sons-movimento que eu descobria. Eu tinha um corpo a serviço do som que esse
movimento despertava. Estavam juntos, colados! Foi um exercício que me
possibilitou perceber a unidade entre corpo que não se separa da palavra, nesse
caso o som que vinha como um ato primitivo antes de se tornar verbo.
Meditar hoje foi uma oportunidade de
desvendar e se permitir descobrir novas formas de falar. Tendo um corpo que se
movimenta na métrica de uma voz que se descobre no desenvolvimento desse corpo.
Vem sendo muito proveitosas essas
tardes experienciando a pesquisa da Karina May e assim entendendo também o
quanto é possível ir mais longe com a voz, com o corpo e com a essência do
personagem. Semana que vem tem mais e eu quero meditar!
Bruno Alves,
16 de Abril de 2015
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