“Volante” é coisa mutável e que
se desloca facilmente!
Virar a máquina e começar a
descobrir outra possibilidade de criação dentro do contexto de “Texto Ex
Machina” foi uma experiência enriquecedora.
Não costumo fotografar as coisas.
Eu vivo as experiências e não tenho na maioria das vezes uma foto para lembrar
aqueles momentos.
Morria de medo de encarar a
máquina e se permitir vivenciar a construção de uma história através de uma
lente, mas a “con-vivência” faz isso. Vou aprendendo a apreciar e a entender as
possibilidades de diálogos que ela pode trazer.
tempo de usar as mãos e vencer os fantasmas |
Nivaldo escolheu o texto e falou
que queria atuar. No inicio pensei que fosse brincadeira, porém a coisa foi
ficando séria e quando vimos já era hora de se permitir.
Isso me desbloqueou em muitas
coisas, principalmente no que diz respeito a experienciar e se permitir brincar
de fazer pra valer.
Quando iniciamos a gravação
existia um receio singelo “encolhido no canto da parede” de ambas as partes.
Era a nossa primeira vez! Moramos na mesma casa e era como se estivéssemos nos
conhecendo naquele momento.
Eu tinha que entender o que eu
queria da leitura de Nivaldo. Eu tinha principalmente de me entender com a
câmera. Pela primeira vez eu não a esqueci, pois geralmente eu esqueço o
monitor da máquina e assisto a cena do jeito que eu quero. É que meu olhar foi
educado para o teatro e lá a gente vê o todo acontecendo e direciona o olhar
para onde nos chama atenção. Entender que com a câmera não seria muito
diferente me ajudou a imaginar que eu assistia a peça e com a ajuda dela ia
vendo no enquadramento aquilo que me chamava para perto.
Nivaldo foi um ator disciplina
com o texto e trouxe muitas propostas com o corpo para a construção, difícil
mesmo era perder o controle da situação, coisa normal quando se é acostumado a
estar por trás da câmera, porém eu fui assumindo aquele lugar que eu me
permitia e fomos abrindo espaços para essa inversão. Entender o momento de
inversão foi fundamental para que assumíssemos o desafio de fazer algo
diferente de nossas experiências anteriores. Era questão de generosidade e de
viver o lado do outro naqueles instantes.
Eu fiquei com muita vontade de
gravar mais, para minha surpresa. Era como quando você se apaixona a primeira
vista, mas no meu caso eu perdi a conta das vistas, porque foi preciso chegar
esse momento para dizer que é possível e que é permitido por que nós nos
permitimos.
Vamos seguindo com as próximas
experiências, porque mudar o jogo e buscar outros caminhos é sempre necessário.
Bruno Alves
Assista ao Episódio VII clicando no link:
Nenhum comentário:
Postar um comentário