21 julho 2017

Prêmio Eris Maximiano: 5º Passo – Complexo Carminha


Eu sabia que seria um caminho longo até chegar ao Complexo Carminha.

Tatiana, Daniel, Douglas, Fátima, Marina, eu e Ulisses.

Peguei o primeiro o ônibus nessa manhã chuvosa. A cidade parecia se esconder da chuva. O trânsito corria tranquilo.


Desci no terminal do Benedito Bentes para aguardar o ônibus que faria a integração com o Conjunto Carminha.

Depósito de coleta de material para reciclagem no caminho


Durante a espera observava o ambiente movimentando do terminal. Resolvi tirar uma foto daquela imagens de pessoas indo e vindo. Assim que tirei a câmera da bolsa os seguranças do local me abordaram perguntando o que eu estava fazendo, quais eram as intenções e me proibindo de fotografar.

"Aqui é um espaço de uma empresa privada. Coletivo só no ônibus".

Todos que usam ônibus sabem o quão precárias e caras são as condições.

Guardeia câmera e por alguns instantes fui tomado por alguma indignação, porém decidi que não deixaria aquela abordagem grosseira atrapalhar meu dia. Segui viagem até o Carminha.

O Benedito Bentes é enorme e o Conjunto Carminha também. É dividido em quatro localidades que somando chegam a 9 mil habitantes. Muito mais gente que alguns interiores do estado.

Recebe o nome Carminha em homenagem a uma líder comunitária que lutou muito durante sua vida pela construção de um espaço com dignidade e direitos para os moradores. Carminha faleceu durante um acidente de carro e a busca por melhores condições de vida continuou/continua.

Eu não poderia ficar pra baixo após a abordagem dos seguranças do local e nem tive como, porque dentro do ônibus um rapaz puxava seu rádio e escutava um pancadão de funk durante toda a viagem.

Passávamos por uma feira que fica no meio de um canteiro da rua.

Perguntei as pessoas onde eu poderia descer para encontrar meu ponto de referência dentro da comunidade. As pessoas foram gentis e me informaram a melhor maneira de chegar até lá.
Cheguei na Casa da Cidadania. Um programa do governo estadual que estimula a comunidade a construir e escolher seus próprios caminhos para a realização da justiça. É um espaço de mediação de conflitos, de educação para direitos e atividades culturais que estimulem a ocupação dos espaços da comunidade com muita arte.

A Casa existe desde maio de 2016 e aos poucos de acordo com as próprias demandas da comunidade vai inserindo projetos e ações que fortaleçam o convívio e o bem estar coletivo.
A comunidade tem uma praça! Agora que ela foi feita a Casa e outras instituições ao redor pensam formas de fazer dela um espaço de convívio. 

Fui recebido por lá por pessoas muito envolvidas e comprometidas: Fátima, Tatiana, Marina, Douglas, Ulisses e Daniel.

Daniel é também um líder comunitário que faz parte da Associação Comunitária do Complexo Carminha. Foi meu primeiro contato através de Debra Isadora.



Enquanto começávamos a conversar dentro de uma sala crianças assistiam a uma sessão de cinema acompanhados pela psicóloga. Na entrada existiam desenhos impressos para que eles pudessem colorir. É um espaço que atraiu em primeiro momento as crianças da comunidade e desde então buscam desenvolver ações que promovam o fortalecimento da cidadania.





Na frente da Casa existe a Escola Municipal Petrônio Viana. Tentei ir com Daniel a escola, mas pelo horário já era momento do almoço.

Fiquei de retornar em agosto para junto com Daniel conhecer mais a comunidade, escolher o local e em seguida voltar para apresentar o espetáculo.

Ainda chovia na volta. Nas redondezas existiam bancas de feira vendendo frutas.

Peguei o ônibus para fazer a integração em direção ao centro da cidade. 

Voltei ao som de funk.

Bruno Alves

Esse projeto foi contemplado com o Prêmio Eris Maximiano de 2015.



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