O nosso quarto encontro aconteceu
junto com a turma do 7º período de Teatro Licenciatura da UFAL. Os estudantes
estão em processo de Montagem Cênica e Karina é monitora da disciplina.
Outro espaço, novas e conhecidas
pessoas. Novas dimensões. Foi dia de trabalhar a loucura de cada personagem. Severino, Volante, seria um louco? Há momentos em que revela que sim.
Perseguir a
felicidade e caminhar pelo mundo buscando histórias é a sua maior loucura. Em algum momento eu me pergunto se ele realmente saiu do lugar, em outros eu me pergunto se ele
inventou e se realmente tudo está acontecendo naquele momento. Uma loucura que
parte do processo de criação ao admirar a estética de Bispo do Rosário e
encontrar nos catadores de material reciclado de Maceió uma proximidade com a
beleza e loucura de reconstruir o mundo.
A primeira meditação pedia que respirássemos
de forma diferente. Devia ter na sala umas onze pessoas. Respirávamos emitindo
som e fazendo movimentos de abrir e fechar os braços flexionados em direção ao
rosto e isso causava em mim certa tontura por perceber o fluxo do oxigênio aumentando
no meu corpo.
Na segunda meditação era preciso continuar
de olhos fechados e trabalhar a loucura dos personagens, a forma de andar e
estar no mundo de cada um deles. Meu corpo respondia ativo as lembranças de
Severino e aos poucos ia experimentando novas formas dentro daquele universo do
personagem. De repente, consegui fazer um movimento de andar e flexionar os
joelhos, isso me doía muito quando tentava fazer anteriormente, mas naquele
momento era prazeroso. Sentia vontade de girar, agachar e rir, rir muito. Estar
rodeado por mais pessoas causava um medo de trombar e acabar machucando, pois estávamos
de olhos fechados e o corpo parecia não resistir ao movimento. Quando eu batia
em alguém durante a meditação eu me desconcentrava, mas não abria o olho e
continuava, porque já não podia perder aquele momento de descoberta e entrega.
Chegamos a terceira meditação e
de olhos fechados erguíamos e sacudíamos as mãos em pequenos pulos repetindo um
mesmo som, enquanto respirávamos. Durante um tempo precisei parar e respirar
sem os movimentos, para assim, dar continuidade. Meu corpo respirava. Minha voz
estava aquecida. Alguns momentos vinham tonturas, mas a sensação de bem estar
era melhor.
A última meditação foi para
silenciar. Respirar deitado no chão e perceber o sangue circulando no corpo. Estava
num estado de tranquilidade e com a mente e o corpo ativo. O que mais me deixa
curioso nesse processo de meditação é como fico disposto, como chego em casa
ainda com vontade de me movimentar mais. Sei que é preciso parar e descansar o
corpo, mas quando medito eu fico relaxado, porém pronto para mais atividades
físicas.
Começamos um processo em grupo em
que cada vez que fosse citado o nome de um participante esse se jogaria no chão
e teria que ser segurado pelos outros, antes que chegasse ao chão. O processo
se repetiu quando citava o nome dos nossos personagens.
 |
Registro de Karina May |
Fomos divididos em grupo e as
pessoas que contracenavam juntas deveriam trabalhar ações físicas que levassem
ao sentimento da personagem. Vi um casal que mantém uma relação de amor e ódio
trabalhar no corpo esse atrair e repulsar o outro através da força física de
ambos, para então, tornar isso orgânico no corpo e na voz.
Realizei meu exercício com o
grupo que faz o coro do espetáculo e tínhamos que criar uma energia coletiva. Fizemos
exercícios de imitar o gesto do outro e em seguida em círculo deveríamos deixar
que esse movimento surgisse sem um líder e de forma orgânica entre o grupo. Aos
poucos entendíamos e percebíamos o corpo querendo saltar em um movimento e os
outros iam seguindo o mesmo fluxo. Foi difícil chegar num fluxo relativamente
comum, mas com a prática eu percebi que poderia se chegar nesse lugar e
certamente renderá um sintonia incrível ao grupo em sua montagem, já que todos(as) deverão ter o texto dito no corpo ao mesmo tempo.
 |
Registro de Karina May |
Solar: Laboratório de Meditação
está a serviço do ator e atriz na sua construção do personagem. Breve estarei
apresentado “Volante” e sinto que uma nova energia está solta, aliás, próxima,
dentro e misturada em mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário