28 março 2015

(Diário de Estreia) Longa vida a “Volante”!

Estreamos!
Respiro e solto o ar como um uivo guardado dentro do peito.
Estrear é fácil. Difícil é o caminho que antecede a estreia.
Agora que o filho está solto no mundo é tempo de ensiná-lo a andar com as próprias pernas. Como um bebê que precisa caminhar e entender que a vida anda correndo.
“Volante” meu filho querido, cordão umbilical que se desgruda de mim e se enterra no solo fértil de algum lugar do mundo.
“Você precisa cortar o cordão umbilical” me dizia mestre Ronaldo Aureliano ainda quando morávamos em Viçosa.
“Você precisa dar a cara pra vida bater” me dizia o poeta viçosense no banco da praça.
Estrear é dar a cara pra bater, mas bate com cuidado, meu amigo! Por que a vida às vezes fere, espanca!
Estávamos lá diante daquela plateia amistosa de veteranos e calouros do curso de Teatro Licenciatura da UFAL, havia também amigxs e pessoas alcançadas pela divulgação. O espaço cênico foi um corredor do Espaço Cultural da universidade, lugar melhor e aconchegante para esse momento não haveria.
Fotografia de Nivaldo Vasconcelos - Estúdio Atroá

Passamos as últimas semanas entendendo o espaço, experienciando dentro da sala fechada, do pátio e outros. Era preciso entender onde iríamos encontrar o público pela primeira vez. Não poderia ser numa sala fechada, mas em outro momento poderá e por que não? Volante é o que se move e não tem residência fixa, sendo assim, todo lugar será um palco.
Estrear num dia 19 de março de são José/Xangô Aganjú foi uma oportunidade de se sentir acolhido pelo olhar das pessoas presentes e entender ao longo desses dias que passaram as questões mais gritantes na peça. Pois é! Estreia não deixa tudo lindo, pelo menos para nós que fazemos, porque é o momento de avaliarmos o que realmente funcionou das coisas trabalhadas na sala de ensaio. Isso não quer dizer que as coisas devem ser drasticamente modificadas. Na estreia identificamos fragilidades e potencialidades que muitas vezes podem até passar despercebidas aos olhos do público. Confesso que isso me faz refletir sobre o processo, sobre os ensaios e sobre cada público, pois afinal cada pessoa recebe de uma forma diferente as coisas e o que toca alguém pode não tocar outra pessoa. Somos múltiplos, somos diferentes e nossa história particular reflete muito na hora em que apreciamos e vivenciamos uma experiência teatral.
É esse momento também uma oportunidade de pensar o futuro do espetáculo e os palcos que ele poderá percorrer. É tempo de encontrar o ritmo, a respiração, o olhar, treinar o olhar e o ouvido e de avaliar principalmente a sustentabilidade do espetáculo e a do artista,  enquanto ser que deseja viver- se sustentar- do que mais lhe faz feliz.
Estreamos!
Estamos prontos para caminhar e o caminho se faz caminhando. Aí está o nosso filho, tal qual como educamos e descobrimos na sala de ensaio. Estou feliz pelo caminho percorrido. Pela oportunidade que me dei de por a mão no volante e fazer as coisas acontecerem. A gente tem que se permitir!
Que venha muito teatro em 2015! Esse é o meu desejo!
Longa vida a “Volante”!

 Evoé!


Bruno Alves

19 março 2015

Estreamos (Revista Digital)

Amigxs!
Hoje foi um dia especial para nós. Dia de mostrar ao público presente aquilo que preparamos longe de seus olhos.
Para celebrar esse 19 de março o Estúdio Atroá preparou um presente para nós do coletivo e para vocês que por aqui acompanham e desejam saber mais sobre o processo.
Reuniu em uma revista digital as fotos do começo do processo ao que chegamos hoje com fotografias de Nivaldo Vasconcelos e Nathaly Pereira.
Gostei bastante do resultado e principalmente do carinho, sensibilidade e cuidado que o Estúdio Atroá tem dedicado em construir um registro visual para partilharmos e guardarmos em nosso portfólio.
Clica no link e viaja conosco por esse coração Volante!
Evoé!


http://www.youblisher.com/p/1099816-As-Fotos-de-Volante/



Evoé


Vem encontrar Volante!
Estreia Hoje!


Estúdio Atroá - Design Gráfico


Estúdio Atroá - Design Gráfico

18 março 2015

É HOJE!

Chegou o grande dia! 
Que os deuses do teatro nos acompanhem!
Que comece o caminho desse andarilho.
Evoé! Evoé! Vida longa!




Parceiros do Espetáculo


Nosso imenso agradecimento 
ao Estúdio Atroá e ao Mestre dos Cartões!
Vocês tornaram esse espetáculo mais bonito!
Conheçam os serviços dessas duas empresas!
(Clique no nome delas e entre em contato direto)

Estúdio Atroá

Mestre dos Cartões



Volante somos nós

São dos olhos, mãos, corpos e corações pulsantes dessas pessoas que nasce o espetáculo.



Bruno Alves - Dramaturgia e Atuação


Felipe de Alencar - Música Original


Elton Nascimento - Música Original


Rayane Wise - Maquiagem

Nivaldo Vasconcelos - Fotografia,
 e em conjunto com Bruno Alves assina os adereços e figurino.


Nathaly Pereira - Provocação Teatral






Programa Digital do Espetáculo

O Estúdio Atroá deu um show e produziu para nós um programa digital.
Está lindo! É só clicar no link e folhear!


http://www.youblisher.com/p/1099653-Espetaculo-Volante-Programa-da-Peca/



Amanhã estreia "Volante"


Tá chegando a hora!

Tudo pronto para a estreia.
Dia 19 de março. 14h. Espaço Cultural da Ufal.
Merda!!!!!

Foto Nivaldo Vasconcelos

Foto Nivaldo Vasconcelos

Foto Aldine Souza (CEPEC)


10 março 2015

Volante nos olhos da Nathaly

No ensaio de hoje tivemos a presença do olhar da Nathaly Pereira do Grupo Clowns de Quinta.
Além de registrar em fotos e videos o ensaio ela fez um ensaio a parte com sua sensibilidade e carinho.
Nathaly foi sempre uma provocadora e incentivadora desse processo. Questionando e indicando possibilidades.
Merci, Nathaly!

Por Nathaly Pereira













08 março 2015

Mapa do meu tudo

Design Gráfico: Estúdio Atroá
Essa ideia do mapa como representação da história para construção do cartaz me deixou encantado.
Parabéns ao Estúdio Atroá pela sensibilidade e talento. Vocês arrasam muito!

06 março 2015

Vamos estrear!

Temos um encontro esse mês!
Volante é parte da Programação da Semana Acalourada de Teatro da UFAL.
Guarda essa data e esse horário pra gente se vê!
Divulga, compartilha!
Evoé!!!!!!


04 março 2015

Carta para Volante

Arte Gráfica: Estúdio Atroá

Atiro-me de olhos abertos nos braços de um sonho.
Haverá carroça que caiba todo o desejo que trago comigo?
Atiro-me e jogo para longe o medo e a insegurança de uma falha na hora de abrir o paraquedas. Não posso mais voltar. Saltei como águia que achou por muito tempo que era galinha, mas que lá dentro de si alguma coisa de águia existia, fosse a habilidade para o voo ou  fosse o não acostumar a ciscar num mesmo terreiro.
Ensaio de voo esse “Volante”.
Momento de me permitir acreditar nas escolhas que fiz ao longo desses últimos três anos, mas por que não dizer ao longo dessa vida?
Foram “dias de sim”, foram dias de “chuva e não” como nos títulos dos livros do poeta Sidney Wanderley.
“Habilidades de voo” é significado para “Volante” em dicionário da web. Então, eu fico pensando que cada pessoa deve ter dentro de si um desejo de liberdade, uma vontade de voar pra perto das coisas que as fazem felizes, deve ter um pouco de volante em cada um de nós quando saltamos em busca do desconhecido ou quando encontramos em nós “a força que nunca seca”.
“Que não tem residência fixa” me diz o web dicionário. Nessa vida habitei tantas casas, por tantos lugares fui habitado que uma vez numa ponte alguém havia riscado “Quantas cidades tenho em mim?”. Esse mover-se em busca de novas casas permite a gente ganhar tantas coisas, mas perder uma imensidão também, mas afinal nos diz Bishop que “a arte de perder não é difícil de dominar” (em tradução do Nivaldo). Como aceitar a perda? Como seguir se sentindo feliz por perder tanta coisa e imaginar que haverá lugares e pessoas que possivelmente nunca mais veremos? Como aceitar que o momento, o instante é único e que se perde logo quando acaba e que nunca irá se repetir do mesmo jeito, como aquele banho que nunca será no mesmo rio. Como perder um segundo de sorriso num dia cheio de lágrimas? Como perder e não achar viver uma tragédia?
Começo. Recomeço.  Reinvento. Digo sim de novo. Teimosia pelo sim. Sim mesmo no meio da fogueira. Sim mesmo no meio da cova dos leões. Sim, sim e sim! A vida pede “sim”!
Eu estou calado geralmente. Eu precisei me alimentar de silêncios para entender o silêncio e os barulhos de outros e os meus também, mas mesmo em silêncio é possível ter nos olhos um furacão e no peito um vulcão em erupção. Estou grávido. Estou parindo! Vou aguentar as dores do parto até o fim. Não sei dizer melhor se não for com teatro. Não sei ser melhor sem ele.
Atravesso o mar nesse tempo e quero continuar a viver um amor mesmo separado por milhas de sal. Perdoe a minha sede de querer beber do mar, mas é que de onde venho só tem serras, cachoeiras, rio e matas viçosas.
Experiência é correr risco, me ensinava o professor. Experiência é perigo! A difícil experiência de movimentar a vida dentro de si ao partir e ao chegar. Viajar sem sair do lugar em que as raízes estão. Experiência é travessia e para atravessar é preciso coragem de ir além do que esteve sempre perto, porque corremos riscos mesmo quando não experienciamos. Tempo de deixar as roupas velhas ou repagina-las. Chega tempo de botar a mão no Volante como faz meu Severino ou “Botar o barco pra frente” como me aconselha minha mãe de uma cidade do sertão alagoano que não tem rios, nem barcos.
Volante é salto, delírio, suspiro, coração acelerado, frio na barriga na montanha russa, é medo de bicho – papão, luta e guerrilha, batalha armada de peixeira na mão contra os moinhos de vento, moinhos de medo, moinhos de insegurança, moinhos que abalam a autoestima da gente.
Não posso mais voltar, porque “quem vai não volta nunca” me diz o andarilho. Fazer teatro é a minha possibilidade de viver e reviver memórias que me habitam e principalmente as memórias inventadas e entregá-las a quem quiser guardar, pois não se engane o poeta finge sim, senhor!
Não fala de mim esse texto, não fala de mim essa música, fala talvez um pouco de nós que somos um, nós somos uma legião espalhada pelo mundo, poeira do universo. Juntando novamente continentes, colhendo uvas para com os pés pisar e transformá-las em vinho amargo com gosto de terra, com gosto de vida.
É da água que essa peça quer falar, do fogo, do vento, da terra... Com os pés na terra esse homem caminha sobre as águas dos seus próprios medos.
Volante, volúvel ou mutável como nós deveríamos ser. Só quer ser feliz. Delírio de felicidade que alguns de nós perdemos pelo caminho.
Esse espetáculo é meu encontro com você. Nosso encontro no mundo. Experiência efêmera e eterna enquanto vivermos. Construção de castelo de memórias sem ninguém preso na torre. Porta do coração aberta, circulando com o vento por todos os lados, chovendo, encontrando a vida no ponto inicial que faz desse lugar o meio e melhor lugar do mundo, porque a gente continua a cada recomeço. Convido você a dividir comigo esse mundo em dois lados formados pelo passado e pelo futuro mais livre, mais leve...

Volante!
(Bruno Alves)