23 fevereiro 2017

"Dona Incelença" - Referências

"Aquilo que nos passa...
Aquilo que nos atravessa..."
Abaixo deixamos algumas das imagens usadas no nosso último encontro na construção do espetáculo "Dona incelença da rua" e que nos ajudam a caminhar.


















22 fevereiro 2017

"Dona Incelença" Semana 12

Chegamos a 12º semana!


Tivemos uma tarde intensa de trocas e descobertas.
Hoje a atriz e pesquisadora Gessyca Geysa nos presentou com uma partilha relacionada a Mímese Corpórea. Gessyca vivenciou durante esse mês de fevereiro uma oficina com Raquel Scotti do Lume (Campinas – SP).



Levamos fotografias que estão relacionadas com a nossa pesquisa para “Dona Incelença da Rua” e vimos nascer em nossos corpos lugares desconhecidos e inquietantes.

Nossa gratidão a Gessyca por sua generosidade e afeto em nos fazer vivenciar esse momento.







15 fevereiro 2017

"Dona Incelença" Semana 11

Hoje tivemos um encontro muito feliz.
Recebemos em nosso ensaio Luciano Rodrigues, professor de capoeira e maculelê.
Luciano compartilhou princípios básicos do maculelê conosco.
Ele é um ser humano de muita sensibilidade e generosidade, pois com sua arte pode dialogar durante o ensaio com a construção do nosso espetáculo “dona incelença da rua”.
Somos muito gratos a Luciano por compartilhar o que sabe e por fazer isso com tanto amor.
Luciano fica aqui a nossa gratidão e braços abertos.
Conte conosco!
Mais adiante vamos compartilhando onde e como entra o maculelê em nosso espetáculo. 
Estamos vivenciando e descobrindo.
#DonaIncelençadaRua #11ºsemana #MapadaViolência



10 fevereiro 2017

Por onde andamos – Pertencer para acontecer

Era momento do primeiro encontro presencial de toda a equipe.


Conversávamos e planejávamos coisas por um grupo no facebook, mas agora era hora de se ver e colocar todas as questões e expectativas na roda.



Primeiro era preciso escolher um local para ensaio. Sugeri a possibilidade de ser no Complexo Cultural do Teatro Deodoro, porque é um espaço que a maioria de nós nunca usou para construir uma montagem. Foi enviada uma solicitação a Diretoria de Teatros de Alagoas – DITEAL que nos apoiou e liberou o espaço para os ensaios.

Chegou o dia.

Dentro de mim havia muita expectativa, muito medo, insegurança, mas também muita vontade de estar junto. Eu estava tão ansioso que tive dificuldades para pegar no sono na noite anterior.
No primeiro encontro eu fiquei responsável pela realização dos jogos e exercícios, mas a proposta era que ao longo dos encontros cada pessoa pudesse trazer e ser responsável por exercícios e jogos que dialogassem com a proposta.

Estávamos juntos.

Conversei e lembro de ter dito três coisas para que a gente pudesse começar essa montagem. Que trabalhássemos o desapego, a apropriação e a generosidade. A gente sempre fala sobre isso, mas era preciso usar de generosidade para com o outro. Eu estava ali com um material textual disponível para ser desapegado, jogado fora, resignificado...

A apropriação e o pertencimento são coisas muito importantes, porque não pode ser a voz de uma pessoa, mas a nossa voz coletiva cantando e gritando junto. A proposta é que esse pertencimento seja tanto que possamos identificar a presença de todos nós na construção final. Tem que ter da gente, tem que ser a gente, tem que ser a nossa voz, a nossa identidade construindo junto aquilo que queremos apresentar ao público.

Deu medo no primeiro encontro, porque a primeira coisa que vinha na minha cabeça era “Qual será a técnica? ”. A pergunta não se respondeu em minha cabeça, mas naquele momento não era preciso.







Vivenciamos exercícios que fui experienciando ao longo da caminhada de buscas em teatro. Jogos de concentração, interação com o outro e de buscas por narrativas. Queria que escutássemos o outro. Que tentássemos nos aproximar mais de seu universo particular, pois uma parte do coletivo se encontrava pela primeira vez ali.

Na parte final do encontro fizemos uma leitura do material textual. Uma chuva de ideias começou a surgir e cada pessoa envolvida começava a identificar onde sua experiência de vida e arte poderia entrar para contribuir na construção.





Tínhamos naquela roda pessoas com experiência em audiovisual, coco de roda, máscaras, palhaçaria, Brecht, sociologia, música, contação de histórias, trabalho energético de ator e atriz... Era uma roda cheia de vida e força. Cheia de técnica e identidade. Precisaríamos usar isso ao nosso favor.

Saí aliviado desse encontro, porque a apropriação começava a nascer em cada um. Via em seus corpos e expressões a presença sendo construída na história. Estávamos juntos buscando essa generosidade de vivenciar o outro e suas experiências.

A partir daí cada um começaria a buscar exercícios e possibilidades de dialogar com a temática. Os próximos encontros seriam divididos em exercícios sugeridos por cada membro. Não entraríamos no material textual, porque o mais importante era essa construção de um corpo só entre nós, um corpo plural e diverso de experiências.

Era momento da roda se abrir para cada um construir o ritmo.

Continua...

Bruno Alves
Ator e Dramaturgo do Coletivo Volante de Teatro


06 fevereiro 2017

Por onde andamos - Dias de SIM!

Então já estava fecundado o desejo.
O próximo passo seria envolver pessoas com o espetáculo.
Esse processo de envolvimento foi se dando de forma, como posso dizer... Natural, mas essa palavra não seria adequada para definir, porque nada acontece naturalmente, pelo menos eu acredito que tudo vai se tornando uma consequência.
A consequência dos encontros foram construindo o elenco. Por enquanto, havíamos Rayane e eu, mas quem seriam as próximas pessoas a compor o espetáculo? Ou ele seria para dois atores?




Novembro foi um mês importante para esse nascimento. Durante o Circuito SESC de Artes conhecemos Jefferson e Jonathan, os Gêmeos do Coco de Roda Alagoano. Vivemos no circuito uma semana intensa de trocas e partilhas. Eles viajavam com o espetáculo “Pros Pés” de Jurandir Bozo e foi ali que nosso laço foi se formando. Pelo menos em nós havia o desejo de trabalhar com eles, de envolver o coco de roda na nossa construção, de ver nele um ponto de construção corporal e de fazer os meninos estarem na cena com uma experiência nova.
Eles disseram “sim”.
Conversava em casa com Nivaldo Vasconcelos sobre a proposta da peça. Nivaldo, que acompanha o surgimento do coletivo e é parceiro em projetos, designer gráfico, figurino e adereços do nosso primeiro espetáculo, na hora que ouviu a proposta disse sim, mas um “sim” diferente. Dessa vez ele deixaria a câmera fotografia guardada na bolsa para viver a experiência de ser ator.
Como falei no texto anterior, um certo dia de novembro conversava com Gessyca Geysa (Coletivo Heteaçã) e foi a partir da conversa que o desejo foi brotando. Falei para Gessyca da peça, mas com aquela “vergonhazinha” de dizer de cara que queria muito ter a presença dela no espetáculo, fui arrodeando, arrodeando... Até fazer o convite.
Gessyca disse sim!
Fiz estágio por quase dois anos na Secretaria de Educação de Maceió com Wanderlândia Melo e num desses dias em que seguíamos para o trabalho comecei a conversar com Wander sobre a proposta. Queria muito a presença dela, mas não sabia como andava seus planos para o ano de 2017. O processo de “arrodeamento” se deu também com Wander até chegar no convite.
Wanderlândia disse sim!


Conversei muito com Thiago Fernandes durante o Festival de Teatro de Alagoas – FESTAL. Sabia que ele tinha feito o curso de iniciação ao teatro na Escola Técnica de Artes, só não sabia o tamanho do brilho de seu olhar ao falar de teatro. Aquele brilho me envolveu e me fez querer ter essa energia por perto. Mandei um e-mail a Thiago. Não sabia o que ele responderia.
Thiago disse sim.
Nathaly Pereira (Clowns de Quinta) foi um convite feito por mensagem de facebook. Quando vim morar em Maceió a primeira peça que fiz foi “A Merca do Rei”, um espetáculo de rua no ano de 2010. O texto era de Nathaly e Geusves Correia. Foi um processo tão bonito e cheio de aprendizado que queria há muito tempo ter Nathaly por perto para voltarmos a construir juntos outros sonhos.
Nathaly disse sim.
Pois bem. Éramos agora um coletivo com nove pessoas e um propósito. Discutir violência em nosso estado, discutir a morte cotidiana, as vidas abreviadas, a banalização da violência. Decidimos descobrir juntos esse caminho e a partir desse dia seguiríamos na construção descobrindo o nosso jeito de falar sobre o assunto.
Era momento de marcar o nosso primeiro encontro presencial.

Continua...



Bruno Alves
Ator e Dramaturgo do Coletivo Volante de Teatro

03 fevereiro 2017

Por onde andamos...


Esse texto é para compartilhar com você sobre nosso processo de encontros na construção do espetáculo “Dona incelença da rua”.

Tudo começou assim...

Batatinha quando nasce...

Conversava sobre desejos e admirações teatrais com Gessyca Geysa quando ela me compartilhou uma de suas experiências que traziam uma reflexão sobre ressignificações do famoso “batatinha quando nasce...”. Isso ficou em minha cabeça durante muitos dias.
Era época do Festival de Teatro de Alagoas – FESTAL e nesse período nos aproximávamos dos trabalhos dos amigos e de públicos diversos que vinham assistir as peças.
O Coletivo Volante de Teatro pretendia construir seu próximo espetáculo exclusivamente para um palco de teatro, mas tudo foi mudando nesse período de novembro de 2016.
Nesse mês circulamos pelo SESC das Artes nas cidades de Limoeiro de Anadia, Feliz Deserto, Lagoa da Canoa, Piaçabuçu e Teotônio Vilela. O SESC – AL levou nosso primeiro espetáculo “Volante”, que dá nome ao coletivo, para espaços diversos das cidades visitadas. O encontro com os diversos públicos bateu no peito como uma vontade de ficar cada vez mais perto, mas os dias foram passando...
Durante o FESTAL assistimos “O Mamulengo do Ambrósio” do Coletivo Heteaçã e da Cia Armorial de Teatro de Bonecos. Quando acabou o espetáculo o peito batia com força querendo a rua, o espaço público mais uma vez e com mais força. Foi aí que veio a decisão por explorar mais a rua, a estética desse teatro, de se aproximar cada vez mais dele para entender a cidade e conhecer as pessoas.
Ok! Tinha uma primeira certeza: A próxima peça do coletivo continuaria pelos espaços alternativos e traria um estudo mais aprofundado sobre a estética do teatro de rua, mas que peça será essa?

Batatinha quando nasce.... 
Se esparrama pelo chão.

Foto encontrada em pesquisa na WEB.




Na noite de encerramento e festejo do FESTAL aconteceu um sarau em comemoração. Durante o sarau Magno Francisco, Professor de filosofia e militante da Unidade Popular – UP, pegou a palavra e começou a relatar para as pessoas sobre a morte da testemunha do caso de desaparecimento após uma abordagem policial do seu primo Davi da Silva. As palavras de Magno naquela noite me comoveram e fiquei por muitos dias com seu discurso na cabeça. Quando Magno entregou o microfone o cantor Rogério Dyas ia iniciar seu show, mas antes leu um cordel de sua autoria chamado de “O Mercado da Morte”. Pronto! Naquela noite eu não dormi. Fiquei inquieto pela casa como se fosse convidado a falar sobre o assunto. Nesse mesmo período a mídia começava a anunciar os dados do Mapa da Violência coordenado pelo professor e sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz. Alagoas, e infelizmente isso não é novidade para nós há muito tempo, está mais uma vez entre os estados em que mais se matam.
A madrugada do dia 27 de novembro foi para não dormir com todo esse barulho. Comecei a rabiscar no papel qualquer coisa sem sentido, mas que me ajudasse a extravasar o sentimento de tristeza, medo e indignação. Muitas questões vinham a mente nessa madrugada, inclusive o espaço em que moro há seis anos (Maceió), porque mesmo morando aqui durante esse tempo ainda tenho muitas dificuldades de respirar e entrar no ritmo da cidade.
Essa madrugada me fez entender que eu preciso respirar, mas que eu não preciso entrar no ritmo da cidade, porque ritmo pode ser construído, porque ritmo é pessoal, ritmo é experiência também. Não quero o ritmo que mata e ponto.

Como trazer um outro ritmo para cidade? Como trazer o nosso ritmo? Qual a origem do que tem nos matado? Como dormir bem, enquanto alguém morre durante o meu sono? E quando é o meu amigo que pode morrer? E quando é um familiar? E quando são os desconhecidos, porque eu me contento em me acostumar com a notícia? E se fosse eu morrendo agora?

São muitas perguntas.

Continua...

Por Bruno Alves
Ator e Dramaturgo do Coletivo Volante de Teatro

01 fevereiro 2017

"Dona Incelença" Semana 09


Refletimos os caminhos vivenciados nos outros encontros.
Tanta coisa foi sendo vivida e partilhada que agora é momento de revisitar esses lugares para chegarmos nas cenas.
"dona incelença" traz um texto como base inicial de discussão, mas cada pessoa envolvida traz muitos textos, pré-textos e entrelinhas dentro de si. Cada corpo comunica muitas histórias e é preciso ouvi-las.
Quando isso acontece as texturas da construção vão crescendo e encontrando muitas possibilidades.
#Semana09