Fevereiro foi chegando ao fim.
Liamos, conversávamos, treinávamos, mas ainda faltava
alguma coisa.
Queríamos a experiência de perto, ao nosso lado. Queríamos
viver o cotidiano de um hospital psiquiátrico.
Bruno Alves, Nivaldo Vasconcelos e Rayane Góes |
Com a reforma psiquiátrica aos poucos as/os usuárias(os) dos serviços da saúde mental vão sendo inseridas dentro dos Centros de Atenção
Psicossocial - CAPS e nas Residências Terapêuticas.
Os CAPS são um grande avanço no tratamento psiquiátrico no
Brasil. As pessoas vão sendo tratadas de forma humanizada e sendo apoiadas em
uma inclusão social.
No dia 11 de janeiro de 2018 acompanhamos pela imprensa
local a retirada de pacientes da Casa de Saúde Miguel Couto, muitos destes com
mais de 20 anos residindo naquele lugar. A saída para as Residências Terapêuticas
foi uma forma de seguir a Política Nacional de Saúde Mental que cria as
residências para incluir socialmente os antigos moradores do hospital e
oferecer todos os serviços de saúde necessários com um acompanhamento que
possibilite a inclusão social.
Vivência de Teatro para usuários |
Leia a matéria da saída da Casa de Saúde Miguel Couto para
as Residências Terapêuticas clicando AQUI!
As Residências Terapêuticas são um grande avanço e um passo importante para a inclusão e principalmente para a quebra dos muros que prendem
a loucura. Muitos usuários são abandonados pelas famílias e tornam-se moradores fixos do hospital. A residência é uma forma de incluir e possibilitar um novo rumo e sentido na vida de cada um.
Diálogos |
Mas um fato é que essa transição irá acontecendo ao longo
dos meses e anos que seguem, isso se o atual governo que retrocede a cada dia
não barrar esses avanços. Então, mesmo com esses passos que se dão para uma
inclusão e humanização dos usuários do serviço de saúde mental ainda existem os
hospitais e os seus respectivos moradores. O Hospital Escola Portugal Ramalho é um dos exemplos mais antigos e que recebe pessoas de todas as cidades do estado.
Queríamos entrar nesse hospital. Estar junto e ver o encontro
acontecer de verdade.
No dia 5 de março de 2018 entramos em contato com Simone
Duarte, Diretora do Grupo de Trabalho de Humanização do Hospital Escola
Portugal Ramalho. Um pouco sobre o Histórico do Hospital AQUI!
Vivência em Teatro com usuários |
Conversávamos com Simone sobre nosso projeto do Coletivo
Volante de Teatro, a construção de "Follia" e da nossa vontade de querer estar junto. Simone foi muito
receptiva a proposta do coletivo e de imediato nos encaminhou ao encontro de
Hortência de Farias, educadora física do
hospital.
Houve
um encanto à primeira vista pelo trabalho de Hortência de Farias, que já vem há
muitos anos desenvolvendo um trabalho bonito de humanização dos serviços do
hospital. Hortência junto com Samuel, que coordena as atividades do espaço, nos
recebeu, nos acompanhou e ficamos sob a sua responsabilidade e supervisão durante nossa estadia
no hospital.
Hortência
é uma das grandes mobilizadoras dos trabalhos de humanização. Instiga e
organiza ações culturais como no período que entravamos com a quinta edição da
Paixão de Cristo. Tentamos contribuir de alguma forma com os ensaios da Paixão que já estava em andamento. Sobre a 5º Edição da Paixão de Cristo leia AQUI!
Firmamos
nosso contrato com a Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas -
Uncisal, que é responsável pelo hospital, e assumimos o compromisso de realizar
por um ano todas as terças-feiras vivências de teatro com os usuários e apoio
nas ações realizadas com a organização de Hortência de Farias, nossa
supervisora junto a Samuel Neto.
Matéria da TVE em dia, já com a nossa Vivência em Teatro:
Matéria da TVE em dia, já com a nossa Vivência em Teatro:
Em
conversas com Hortência tivemos muitas reflexões principalmente no que diz
respeito a existência do hospital. Hortência ressaltava a importância dos CAPS e das residências e de que
ainda existindo o hospital que seja um serviço humanizado para os seus
usuários.
Hortência é para nós um dos grandes exemplos de luta pela
humanização.
Assim, começamos
no dia 13 de Março nossa Residência de Criação Artística e Voluntariado dentro
do Hospital Escola Portugal Ramalho. Atualmente o hospital é o espaço que
recebe usuários de todas as partes do estado.
Um passo de cada vez. |
Nosso
mês de março começou com nossa entrada dentro do hospital e o encontro com as
pessoas que o compõem (usuários, técnicos, estudantes, dentre outros).
A partir
de nossa entrada no hospital toda a nossa vida, olhar e pesquisa começou a mudar.
Nos
próximos diários escreveremos mais sobre os encontros que nossa residência e
voluntariado tem nos proporcionado.