27 março 2016

Viva o Teatro!

27 de março é Dia Mundial do Teatro e do Circo!

O ENCONTRO dos nossos olhos, do nosso riso e das nossas vidas é a grande celebração e festa!
Evoé!



Fotografia de Nivaldo Vasconcelos. Espetáculo "Volante"
Bairro do Joaquim Leão/ Maceió-AL

24 março 2016

Palco Giratório 2016 - Etapa Alagoas

   Recebi por e-mail o material com a programação do Palco Giratório aqui em Maceió.
   Dias 9 e 10 de abril "Volante" se apresenta no Teatro Jofre Soares às 20h.
    
   Programe-se!








Texto do e-mail:


        "De 4 a 18 de abril, Maceió se torna palco da maior temporada de espetáculos brasileiros promovidos pelo Projeto Palco Giratório, realizado através da Rede Sesc de Artes Cênicas – composta pelos departamentos Regionais e o Nacional. As apresentações são gratuitas, contando com a participação de grupos nacionais e local, tendo como cenários as Unidades Sesc, Salas de Espetáculos e nas ruas e praças públicas. O projeto contará com o apoio da Diretoria de Teatro Alagoas – Diteal e da Fundação Nacional de Artes - FUNARTE.

            Este ano a Capital recebe grupos de Sergipe, Minas Gerais, São Paulo e Amazonas. Além das parcerias com grupos do Rio de Janeiro e Recife. Artistas locais também foram convidados para compor a programação, além dos selecionados pela curadoria nacional do projeto. Já em Agosto o grupo que passa por Alagoa irá compor a programação da primeira Mostra de Artes Aldeia Sesc Arapiraca, na cidade de Arapiraca.

            A ação traz um cronograma voltado a diversos públicos. Com teatro adulto e infantil; dança; circo; e performance. Diversas histórias e motivações artísticas, um recorte importante da produção cênica brasileira a cada ano. Num total de 18 apresentações e 44h de oficinas, mesas redondas e momentos de interação onde os artistas compartilham técnicas e experiência"

19 março 2016

como nascem as histórias - "Volante" um ano da estreia

   Não sei como uma experiência física em meu corpo o que é uma gravidez, mas posso imaginar e me inspirar nesse processo humano bonito para entender o caminho que trilho para entender o teatro que busco.
   Hoje, 19 de março de 2016, é aniversário de um ano do espetáculo “Volante”, mas o caminho que antecede é a minha gestação desse que eu chamo de filho e début dessa jornada de risco e travessia vem muito antes.

Encontros. Abril/2014. Foto Nivaldo Vasconcelos

   O “começo” é em agosto de 2013 quando retorno do intercâmbio em Portugal, mas as aspas da palavra começo existem por que agosto é só continuidade do que já estava na experiência da vida.
   Voltar para casa é sempre um momento de reencontro e de se perder, pelo menos no meu caso, afinal é difícil passar por uma experiência sem se deixar modificar. Na volta eu tinha apenas a vontade de começar a trilhar um caminho que poderia chamar de meu e de quem fosse encontrando pelo caminho. E no começo a vida oferece mais “nãos” do que sim, porque parece querer testar a nossa vontade.

Primeiro ensaio de Material Gráfico. Por Nivaldo Vasconcelos, 2014

   Voltar a Maceió foi também uma busca por entender esse espaço dentro de mim e tê-lo como um lugar que escolhi para viver. Sou mais acostumado a vida na cidade do interior, vivi mais tempo no interior até a minha idade presente, não sou acostumado com esse ritmo de vida, mas já não sou acostumado com o ritmo da cidade que nasci. Eu tento descobrir o meu ritmo dentro desse espaço, porque não posso me acostumar e me educar a andar como ele me pede. Eu lembro de um texto do Paulo Freire quando ele dizia que “a cidade enquanto educadora pode também ser educada” e eu carrego para mim isso e não abro mão, pelo menos por hoje, afinal nesses vinte e poucos anos o que mais fiz foi abrir mão de coisas, opiniões, medos, certezas e inseguranças, isso eu acho ótimo.
   Mas eu falava da cidade por que quando voltei precisava me encontrar nesse lugar, me identificar com o espaço para poder viver minimamente tranquilo. Daí nessa paquera e transa maluca eu vou encontrando junto aos carroceiros recicladores, vendedores que usam carroças e no centro da cidade um espaço que me liga a algum lugar que me faz bem. Na realidade eu estava procurando a minha cidade aqui nesse lugar, porém ao não encontrar, porque ela já não existe (existe na lembrança dos meus afetos) eu resolvi inventar ela dentro de mim. Engravido.

Ensaio Aberto no I Encontro de Palhaços Cadê Meu Nariz?! do Grupo Clowns de Quinta.
Novembro de 2014. Foto de Nivaldo Vasconcelos.

   Janeiro de 2014 começo o treinamento. Vou juntando num caderno uma lista de exercícios acumulados de oficinas, aulas e encontros que tive. Começo a praticá-los com hora, dias e espaços marcados toda semana. É o meu Pré-natal.

Ensaio Aberto no I Encontro de Palhaços Cadê Meu Nariz?!
 do Grupo Clowns de Quinta.
Novembro de 2014
Foto de Nivaldo Vasconcelos
   Não tinha nome esse filho, nem sexo, nem história de vida ainda... Trazia comigo como receita poemas, textos,filmes, músicas e imagens que iriam me guiar ao longo da formação desse novo corpo. Meses depois , possivelmente em junho de 2014, Nivaldo Vasconcelos foi quem batizou. Pronto era esse o nome que procurava. Volante! Que se move, que se desloca facilmente, que se lança...
   Encontro Felipe de Alencar e Elton Nascimento e eles assumem comigo essa maternidade/paternidade e começamos em março os ensaios com música, leitura de textos, troca de impressões sobre o que queríamos contar. E nesse percurso o texto vai surgindo, ou pelo menos uma ultrassom que nos indicaria como se desenvolvia esse fruto do nosso encontro.

Apresentação em Praça no Bairro do Joaquim Leão.
Presença de estudantes da E.E.Edson dos Santos Bernardes.
Maio 2015. Foto Nivaldo Vasconcelos

   A primeira vez que o mote do texto surgiu foi quando andando de ônibus pela Brejal um monte de gente subia por trás do ônibus com sacos cheios de coisa de feira. Duas senhoras, com idade próxima dos cinquenta anos, conversavam no banco que ficava a minha frente suas aflições uma para outra. Um sol quente, o rosto suado de carregar o peso das compras... Desculpem-me, mas meu ouvido é muito intrometido e gosta de ouvir histórias mesmo sem ser convidado e em praças e ônibus essas experiências acontecem involuntariamente, as vezes quando me pego estou querendo dar uma opinião, mas me contenho. E no meio de conversas sobre os problemas pessoais uma olhou para outra e disse “Mas não desanime não! A gente tem que ser feliz, esquecer essas coisas ruins. A gente tá aqui pra ser feliz”. Pronto! Era a busca pela felicidade que me ligava as duas e a todas as pessoas que de alguma maneira esperam por esse momento de felicidade na vida.

E.E.Edson dos Santos Bernardes. Maio 2015. Foto Nivaldo Vasconcelos
   Comecei a escrever o texto. Levava cenas para ensaiar, os meninos me traziam ideias, músicas para inspirar e construíam a trilha que iria ninar os primeiros sonhos.
   Houveram incômodos nesse processo de criação. Haviam dias de inquietação e ansiedade, mas não havia desânimo.
   Foi um processo de ator e músico. Não escolhemos diretor, porque eu queria poder construir as coisas e perceber como se daria o meu espaço de criação nesse processo. Aos poucos fui convidando amigos e amigas que se dispuseram a dar todo apoio. Vamos chamá-los de padrinhos e madrinhas. Nathaly Pereira assumiu com amor e afeto a missão de provocadora. Assistia aos ensaios e me provocava em questões que a incomodavam. Rayane começa a desenhar a maquiagem e propor caminhos. Nivaldo Vasconcelos começa a fotografar, construir propostas de divulgação e em casa juntos faziam o "enxoval", digo figurino, pois eram materiais de doações de amigos, fizemos campanha para recolher coisas, outras coisas vinham do lixo mesmo quando alguma loja jogava algum material ou quando um vizinho se desfazia de alguma coisa que dialogaria nesse processo. Muitas vezes eu trazia as coisas da rua para casa e ainda não sabia o que iria fazer, mas na minha cabeça o que vinha era “isso pode servir no futuro” e pegava. A área de serviço do prédio começava a ficar cheia de coisa e eu tinha que acelerar esse processo para não incomodar os vizinhos.

Apresentação E.E. Maria José Loureiro. Maio/2015. Foto Jocyani Carvalho

   Nascia dentro de casa o figurino, o primeiro, cheio de fragilidades talvez, mas da maneira que conseguimos dentro da nossa possibilidade do momento.
   A estreia aconteceu em 19 de março de 2015. A ansiedade que antecede posso dizer que foi muito boa, porque eu queria ver. Queria mostrar pras pessoas. Queria colocar no mundo de uma vez. O parto dói. Ouço isso deste criança, mas o nascimento é a sensação mais gratificante, dizem as mães.
Nasceu.

Praça Sinimbú. Maio/2015. Foto Romário Steven

   Pós-estreia vem uma espécie de depressão. Começo a não gostar, começo a questionar, começo aprender a amar. Amor é construção. Estava no mundo e agora era minha hora de ensiná-lo a andar, a pegar as coisas, a morder, a falar com propriedade.
   Nesse percurso surge Karina May e o Solar Laboratório de Meditação que me ajudou a respirar. A entender da energia depositada e isso me ajudou imensamente. Como sou grato.
   A partir desse período começo a circular. Vou em praça, vou em escola, em pátios, em quadras... Vou com ele a qualquer lugar. Bato na porta dos amigos, peço espaço e vou seguindo.
   Os meninos da música precisam se afastar por questões de agenda em outros projetos. Tudo bem. Vou seguindo e nos encontramos mais adiante.
   Ufa! Já fez um ano! Um bebê que começa a dar seus primeiros passos em busca de um equilíbrio.

   Sinto-me feliz por vê-lo seguindo e digo a você o quanto aprendi nessa jornada.
   Essa semana uma atriz me perguntou qual a sensação de apresentar uma mesma peça muitas vezes. Eu disse que é de constante aprendizado e entendimento. “Volante” ainda tem muito caminho e eu disse a mim mesmo que não iria fazer uma peça para me despedir rápido dela. Quero ir descobrindo dentro dessa o máximo de possibilidades que ela me der. Quanto mais a gente mexe numa mesma coisa mais a gente descobre novas coisas e ver que tem muito mais a se aprender, a Tiche Viana falou algo assim.
   Pois bem! Agora eu vou seguindo. Tem muito caminho pela frente. Tem muita coisa pra se remexer dentro dessa história. Um ano depois o que eu mais sinto é gratidão a tudo e a todxs. Certeza e respostas eu não tenho, graças aos deuses! Mas tenho vontades, fragilidades, inseguranças e perguntas e isso vai me guiando e fortalecendo.

   Evoé!

Bruno Alves

15 março 2016

"Volante" no Palco Giratório 2016

   O Palco Giratório está chegando em Alagoas!
   Somos convidados do SESC-AL representando a cena local.

   Uma honra! 

   Muita alegria!

   Aguardem a programação completa do festival aqui em Maceió.

Divulgação SESC - AL

11 março 2016

Sala de Ensaio/2016

  Agora no mês de março o espetáculo “Volante” vai completar um ano de estreia.
  De lá para cá muitas foram as descobertas, muitas formas de encontros, momentos de rejeição a construção, momentos de reencontro, momentos de abandono, momentos de renascimento.
  Esse ano de 2016 o espetáculo retoma caminhos e parte em busca de novas descobertas e espaços.

Montagem de Elton Nascimento a partir das fotos de David e Diego.
  Essa semana retornei a sala de ensaio. Ano passado foram salas/becos/praças de ensaio.
  Comecei essa semana com os ensaios aqui em casa mesmo. Reorganizei o cronograma para manter o ritmo de ensaios e ensaiar praticamente todos os dias. Tive a presença e acompanhamento nessa primeira semana de Rayane Wise e Nivaldo Vasconcelos. Os ensaios ocorreram sem os músicos, pois era preciso tempo para a repetição e reconstrução das cenas. Ano passado tínhamos nossos ensaios conjuntos e ensaios separados para trabalhar com mais detalhes questões especificas do espetáculo.
  Hoje, dia 11, aconteceu o nosso “ensaião”. Juntos na sala de ensaio, músicos e eu. Passamos um tempo afastados por conta de agendas e nossos últimos encontros e conversas virtuais eram para tratar de questões burocráticas, trocar informações e sugestões de referências musicais, visuais e escritas para o fortalecimento do espetáculo.

  Hoje voltamos juntos a sala de ensaio!




  O processo do espetáculo se deve bastante a música, pois foi construído com uma dramaturgia que diáloga com música, palavra e corpo. Esses dois músicos queridos, Elton Nascimento e Felipe de Alencar, foram meus grandes apoiadores dentro dessa sala de ensaio e exerceram um papel importante nos direcionamentos e dramaturgia de ator.
  Recebemos hoje no ensaio Elaine Lima e David de Oliveira (Clowns de Quinta) e Diego Januário. Essas presenças foram muito importantes, devo a eles o registro fotográfico e o olhar crítico sobre a obra.
  Elaine me trouxe muita segurança ao me apontar caminhos. Via em sua presença uma oportunidade de fortalecer pontos e dar mais atenção a outros. 
  Ao final do ensaio em conversa com Diego ele me trazia apontamentos muito importantes, visto que ele é de Dança Licenciatura e traz uma visão diferente para o corpo na cena. David seguiu registrando em fotografias o que por ali visualizava.Faltou energia e eles carinhosamente cederam as lanternas dos celulares para que o ensaio prosseguisse. 
  Eu agradeço imensamente a disponibilidade e olhares atentos sobre o espetáculo. Grato pela luz que nos trouxeram!
 Terminamos o ensaio empolgados. Dava pra sentir a vontade que se reascendia em nosso peito. É tão bom quando isso acontece, porque na maioria das vezes eu me cobro tanto que acabo não enxergando as coisas boas que acontecem, imagino que eu esteja aprendendo a me perdoar e deixar as coisas fluírem com mais leveza. Como é bom!
  A sala de ensaio (casa de ensaio, no meu caso na maior parte da semana) é muito importante. Voltar a ela é uma oportunidade de amadurecer a obra. A repetição, o reencontro com a música, a criação de novas músicas, a  inserção dos conhecimentos adquiridos com Tiche Viana (Barracão Teatro) na Oficina “O Ator e a Máscara” se fez muito presente nesse repertório corporal que se permite redescobrir.
  Os ensaios, as trocas, as visitas de amigxs continuarão. “Volante” volta a fazer suas primeiras apresentações de 2016 agora no mês de abril, mas as informações eu passo mais adiante.
  Agora eu quero mais é buscar esse encontro com as novas possibilidades, novos olhares e novas experiências. 
 Sigamos meninos! Que a estrada é longa e divertida quando se está em boa companhia. 
  
  Gratidão!

  Abaixo um registro de David de Oliveira e Diego Januário
















01 março 2016

Amor que nos move

As coisas haverão de durar em cada amanhecer.

Haverá de ser leve e livre como vento solto querendo encontrar abrigo no peito mais próximo e aberto que se permitir.

Não haverá mais tristeza por alguns segundos, enquanto puder lembrar cada sorriso e olhar perdido/encontrado em cada descuido que a vida der.

Haverá de durar muito, infinito pelo tempo que há de ser.

Os encontros duram o tempo que é preciso para tornar a vida mais feliz e renovada. Isso eu ainda estou aprendendo. Poderia durar mais, eu me cobro, mas dura o tempo necessário para ser infinito.

Recebemos aqui em casa e fomos recebidos por Genifer e Tim Tim.

Genifer e Tim Tim

Hoje a vida já desperta numa aurora de despedida. Vem silêncio no peito ao imaginar carro ligando o motor levando a felicidade em outras curvas que a vida se mostrar.

Pela manhã, a partir de hoje, vou abrir a porta e sentirei falta de encontrar a casa deles na frente.

Eu abro a porta e vejo o mundo todo na minha frente. Vejo um “Brasil Pequeno Itinerante” que chegou bem perto de mim. 

Vou abrir a porta todos os dias na espera do reencontro. 

Imaginarei a voz de Tim Tim com sua doçura e leveza desejando bom dia... Vou ver a Genifer falando com os olhos cheio de esperança e alegria que só quem se permitiu ser feliz pode ter. Vou lembrar com respeito e admiração desse processo de aprendizado de "ser mãe", "ser filho", ser tão humano... Estar diante de suas vidas e seu amor faz a gente aprender tanto.

A gente aprende quando se encontra com o outro. Talvez ela nem pretenda, mas anda e mostra como a vida é bonita e como ela pode ser leve, volante...

A vida é movimento. Movimento de encontro da gente com a gente, da gente com o outro.

Genifer, desenhada com G de gente, traz acalanto pra o nosso peito. Vê-la mostrar-se com sua arte em forma de vida faz a gente perceber que está aqui para ser feliz.

Seu teatro é mágico, forte e generoso. É um pedaço da gente que ela vem trazendo e levando por todo lugar. Parece que conheço seus "personagens". Parece que eles são também parte de mim e se não eram agora são, porque ela nos faz sentir tão próximos e parecidos nessa diversidade toda de Brasil. Inspira muito!

Não vou esquecer esse encontro.

Aqui em casa agora tudo fica mais bonito e colorido. Vai ter sempre Tim Tim cantando e brincando "de leve" com os bichos. Vão ter seus desenhos do vento na parede aqui de casa pra dizer todos os dias para nós que nenhuma parede há de impedir do amor circular leve e livre por todos os cantos...

Genifer e Tim Tim nós agradecemos por terem vindo. Agradecemos toda leveza que nos ensinaram. Vocês são nossa família.

Hoje seguirão por outras estradas. Estarão bem pertos de nós por toda a vida. Agora eu já espero o reencontro, que seja logo, que seja no tempo que há de ser.


Gratidão de Bruno, Nivaldo, Godot, Páprica, Nina, Bresson, Alice, Eva e as três Marias.

Visite:


Tim Tim e o Vento, foto de Nivaldo

Eu, Tim Tim , Nivaldo e Rayane.

Páprica e nós