31 maio 2015

Dramaturgia: uma paixão!


Vou cá relatar a experiência vivida no I Curso Dramaturgia Contemporânea: Escrever no Labirinto realizado pelo SESC – AL.
A experiência por mais que se descreva não se explica em sua plenitude, porque os dias vividos perpassam a subjetividade de quem lá estava.
Vinicius Souza (MG) trouxe-nos uma didática instigadora e fortalecedora que conduziu a nossa escrita e o nosso olhar num labirinto que talvez desconhecêssemos.

Imagem retirada da Web


Vinicius provoca. 
Vinicius impulsiona a encontrar a dramaturgia em todos os espaços e contextos.
Dramaturgia está em tudo!
Apresentou-se para nós lendo um texto que havia escrito antes de dar inicio a oficina. Pediu que escrevêssemos e mesmo que tenhamos falado nossos nomes e experiências, a verdadeira e maior apresentação estava na entrelinha e nas linhas que escrevíamos ou que ocultávamos.
Ler, ouvir, ver, ver com mais cuidado, ouvir com mais cuidado, ler com mais cuidado, cuidado, cuidado, atenção e mão no papel.
A gente descobre a escrita escrevendo. Esperar a inspiração é um caminho que demora, pois quando escrevemos vamos encontrando ela pelo caminho.
Escrever. Escrever e escrever-se num papel. Revelar o mundo através das palavras das mais variadas formas, dos mais variados conflitos.
Como é rica a produção da dramaturgia teatral do nosso tempo. Como os grupos e dramaturgos tem se debruçado numa maneira pessoal e diferente de se comunicar.
Dançar é construir dramaturgia no movimento, isso a gente vai aprendendo na vivência, mas encontrar no teatro a palavra para dizer e usá-la da maneira que chegue ao ponto desejado ou que chegue a pontos inesperados é uma provocação que nos impulsiona a degustar as palavras e a amá-las de maneira apaixonada e inteira.
Escrever,escrever, escrever...
Apaixona-se pelo mundo, pelo espaço que vivemos e pelo que nós somos. Observar, imitar quando for preciso para assim descobrir a nossa maneira de dizer no mundo e sobre o mundo.
Dramaturgia eu aprendi que não preciso defini-la ou enquadrá-la em um conceito, mas que preciso ter a consciência de que é possível descobri-la num ponto de ônibus, numa matéria de jornal, num jogo de futebol ou na mesa do bar.
Teatro é essa coisa que vai reinventando o mundo. Dramaturgia seja com imagem, corpo ou palavra, muita, pouca ou nenhuma é uma forma de encontrar elementos que desenhem esse mundo possível, esse mundo presente, real e imaginado.

Da página do facebook "Artes Cênicas SESC - AL"

Foram cinco dias para estudar muito. Não tinha tempo para mais nada a não ser perceber o mundo e se perceber, enquanto sujeito que escreve, descreve e resignifica o que vê.
Gente animada. Com mão na caneta e no papel. Gente de olhos que se abriam mais e mais e mais e mais e mais...
Vinicius volta para Minas Gerais onde tem um projeto chamado “Janelas de Dramaturgia” e que há alguns anos vem pesquisando, arriscando e propondo encontrar sua forma de dizer no mundo.

As janelas por cá ficam abertas.
Todas as janelas. 
Não se fecham mais. Nunca mais.
Isso me lembra Pessoa, quando escrevia Alberto Caeiro:

"Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora; 
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela."

 Agora é hora de seguir olhando o que está além dessa janela, pulando se for possível para ver de perto o que está do outro lado da rua. Poderia ser uma porta aberta, mas janela é lugar aonde a gente muitas vezes vê a vida em um enquadramento pessoal. Janela é lugar que apresenta um mundo de possibilidades para a gente e nisso a gente pula essa janela quando é preciso para descobrir as janelas do mundo.
Como pude pensar em meu processo com o espetáculo “Volante” e entender como posso ir além nessa busca que é contínua.
Gratidão ao SESC que nos oportuniza esse espaço de criação e formação profissional, sabe se lá quando eu iria fazer um curso como esse e tive a oportunidade de tê-lo na janela de casa.
Gratidão aos amigos e amigas que estiveram lá. Que foram firmes e corajosos em se colocar diante de uma folha em branco para escrever e expressar suas maneiras de ver o mundo. Suas opiniões e sugestões ao longo dos debates ajudam no crescimento.
Vinicius fica no coração da gente e fica bem perto. Teremos as janelas virtuais para trocar ideias e a qualquer momento nossas palavras se encontram nos caminhos da vida.

De todo coração eu agradeço.

Viva a dramaturgia do teatro! Viva!

Abraços,

Bruno Alves

21 maio 2015

Volante e a Moda

  No dia 19 de maio encontrei com estudantes do curso de Produção de Moda da Escola Técnica de Artes da UFAL.
  Fiquei ansioso e nervoso com esse encontro, porque estaria de frente com uma galera que entende e curte muito o universo da criação em moda.


Fotografia de Washington da Anunciação



  Apresentei o espetáculo e em seguida tivemos um bate papo mediado pelo professor David Farias e com a participação da figurinista Andréa Almeida, estava presente também na plateia a professora Rita Namé. Foram bastante receptivos e acolhedores. Falei do processo de criação de cenário e figurino e trocamos impressões sobre as coisas observadas e vividas.
  Essa manhã me deixou muito feliz, porque eu estava “nu” diante de pessoas que com um olhar mais sensível para essa temática trariam impressões sobre o que viam.


Fotografia de Washington da Anunciação

  O figurino e cenografia do espetáculo são assinados por mim e por Nivaldo Vasconcelos. Nosso processo de criação se deu através  da desconstrução dos objetos e coisas encontradas no lixo ou doadas por amigos. Observávamos para o material e descobríamos o que queríamos transformar. Acho que levamos muito ao pé da letra quando Manoel de Barros diz que “o que serve para o lixo, serve para a poesia”. No fim das contas a minha concepção do termo lixo mudou muito nesses últimos tempos.
 Encontrar essas pessoas e escutar o que diziam me deixou fortalecido e encorajado para seguir a jornada. Falei para elas que mais adiante o processo de figurino e cenário continuará em movimento, pois os presentes que o personagem vem ganhando ao longo das apresentações serão partes da cenografia e figurino.
  É que para mim esse processo nasce de buscas de um “ator-criador” que se permite descobrir no meio de tesouras, linhas e tecidos. Nunca me permiti por a mão na massa (tecido) e aos poucos me vejo sendo bem recebido por uma galera que tem um olhar para essa questão. 
 Lembro-me das aulas do professor Acioli e suas palavras de incentivo para pôr a mão e criar possibilidades com aquilo que estava à disposição.  Acioli sempre me dizia que o figurino tem que dizer sobre os dramas do personagem e ontem ao conversar com os (as) estudantes elas e eles me diziam que o caminho para a moda estava ali ao ser criado um conceito e comunicado uma mensagem através da roupa e dos símbolos.
  Andei lendo na internet definições para a palavra "moda" e em algumas delas encontrava o significado de costume, retrato de uma comunidade e de um tempo. Pensar o figurino do espetáculo foi uma possibilidade de buscar nas cores ligadas a terra uma forma de diálogo com o que o tempo traz e com o que ele leva da gente. Essa roupa que "Severino" veste é uma forma de entender um coração desgastado pelo tempo e uma alma nua pronta para a felicidade, porque seu passado vive junto ao presente em movimento continuo.


Fotografia de Washington da Anunciação

 Quando comecei a colocar a mão na construção do figurino sentia uma necessidade de provar da experiência de fazer a própria roupa, ou vestir a própria pele, longe da vontade de ser um figurinista, queria ser um "ator criador" que tem propriedade pelo que veste.
 Todo o resto da construção da dramaturgia se dá nesse aspecto de se ver vestido com a nudez da própria alma, buscando assim, fortalecer qualidades e trabalhar defeitos. A decisão pela autonomia de criação foi uma forma de me dizer que posso, porém isso não quer dizer que andei só, tive sempre por perto o olhar de muita gente e as mãos também, porque a cada vez que eu criava ia entendendo como aquela roupa ou palavra interferia e modificava o meu movimento e como eu poderia melhorar para que corpo e a vestimenta dialogassem de maneira coerente e confortável.
  Figurino e cenografia tem sido uma busca que se dá no encontro com o corpo e os olhares das pessoas que encontro no caminho. Cada pessoa que se faz presente nesse encontro ou me dá um presente durante o espetáculo estará também brevemente como parte da visualidade do espetáculo. 
  É um figurino volante, mutável, mas que não perde a essência de sua busca e nascimento.
  Não esquecerei cada palavra e cada gesto de gentileza que me proporcionaram naquela manhã.
  Agradeço a todxs as pessoas presentes. 
 Gratidão ao apoio, as fotografias, a torcida e os estímulos do professor Washington da Anunciação, um ser que sempre me incentivou a por a carroça pra frente e seguir adiante em busca de novos desafios e descobertas. 
  Agradeço a todxs da Escola Técnica de Artes da UFAL.
  Saí desse encontro vestido de amor e afeto por todos os lados!
Gratidão!



20 maio 2015

Volante "09"

 Cheguei a 9º apresentação do espetáculo “Volante”.
 Impossível não passar na cabeça um “filme” de todo o caminho percorrido até hoje.
Cada apresentação da peça me ensinou tanto.
 Apresentei no dia 18 de maio, dia em que completei 28 anos, na Escola Estadual Maria José Loureiro, localizada no CEPA no bairro do Farol, aqui em Maceió.
 A primeira apresentação pela manhã foi feita em baixo de uma árvore que existia no pátio e apesar da questão da dificuldade acústica pude perceber a atenção e participação daqueles (as) pequeninos (as).  Foi uma apresentação que me ensinou bastante a ter cuidado com o espaço e organizá-lo melhor durante a apresentação. Ao final desse primeiro momento essa galerinha vinha curiosa saber de tantas coisas e dizer palavras de incentivo e força no caminho.

Fotografia da professora Gláucia 

Fotografia da professora Gláucia 

 Pela tarde apresentei dentro do pátio. A acústica ajudou bastante a expandir o som com menos esforço da voz. Os estudantes foram organizados em “U” e a apresentação foi inesquecível para mim. Estavam atentos, jogando o jogo do personagem e construindo um novo jogo. Na hora de presentear o encheram de presentes. Essa hora para mim é sempre muito tensa, porque pode ser que ninguém dê nada ou pode ser que alguém de alguma coisa muito pessoal. Geralmente a segunda opção acontece e isso me deixa muito comovido.
 Apresentar para os diferentes turnos da escola me ajudou a entender muitas possibilidades de interação com espaço e público. Nesse dia testei novas possibilidades e usei pela primeira vez um instrumento.

Fotografia da professora Jocianny Carvalho

Fotografia da professora Jocianny Carvalho


 Teatro é esse caminho que a gente vai construindo no encontro com o outro.

 Agradeço a professora e querida Jocianny Carvalho que me deu todo apoio e confiança. Graças ao seu coração aberto “Volante” pode estar na escola.
 Agradeço a professora Glaucia que carinhosamente registrou a apresentação pela tarde.
 Agradeço aos professores, direção e toda equipe escolar por apoiarem.
 Agradeço aos estudantes que sempre me ensinam tanto.

 Foi um presente estar com vocês!

17 maio 2015

Encontro em casa

 Recebi aqui em casa no último dia 15 estudantes da Escola Estadual José Maria  Correia das Neves, localizada no Bairro do Prado aqui em Maceió. Orientados pelas futuras professoras Eva e Nice, integrantes do Programa de Iniciação a Docência - PIBID do curso de Letras.
 Vieram para uma tarde de bate papo sobre a minha trajetória até chegar em Volante.
 Foram momentos de muita importância em minha vida, porque me fizeram lembrar de fatos que vinham da infância até os dias de hoje. Essa galera me fez voltar ao passado e entender o quanto ele ainda é presente em minha vida.
 Tudo que vivemos, ouvimos, lemos... Interfere e modifica a nossa criação.
 Os carinhosos (as) estudantes estão estudando o gênero textual da criação de uma Biografia e resolveram privilegiar artistas locais que gostariam de conhecer e fazer o trabalho desses ser visto por outras pessoas.
 Agradeço a escolha, os ouvidos atentos, o brilho nos olhos e as palavras de apoio e carinho.
 Breve "volante" encontrará com eles mais uma vez.
Gratidão!
Um beijo!



14 maio 2015

Para uma escola: Volante!

 Apresentei no dia 13 de maio na Escola Estadual Dr. Edson dos Santos Bernardes, localizada no Bairro Joaquim Leão aqui em Maceió.

Registro de Nivaldo Vasconcelos

 Contei com o apoio da direção da escola e da professora Áurea para que a apresentação do espetáculo acontecesse.
 Era a primeira vez que apresentaria para um público formado em grande parte por crianças e adolescentes.
 Como chegar ao coração? Eu me perguntei, já que para mim fazer teatro não tem sentido se não tocar o coração das pessoas, aí vem Cora Coralina e nos diz que nada do que fazemos tem sentido se o intuito não for chegar ao coração.
 Como tratar da temática da felicidade numa fase em que as questões são tão intensas e muitas vezes perturbadoras? Como falar de morte quando esta cerca vez ou outra a nossa porta?
 Falar fazendo. Falar contando!
 A experiência dentro da escola ou na praça que fica em sua porta, foi para mim um dos momentos mais significativos dessa jornada. Eu estava indo ao encontro de pessoas que gosto, que conheço de alguma maneira e que no fim das contas iria conhecer melhor. Era momento de se permitir deixar se envolver por todxs e também me envolver. Momento de jogar o jogo da vida numa cena de teatro.
 As crianças, os adolescentes e os jovens e adultos da escola foram muito receptivos, respeitosos e carinhosos com a presença do espetáculo. Pude ao final ver o brilho nos olhos, paradas para tirar um “selfie”(rsrs) e até mesmo perguntas do tipo “como faço para fazer teatro também?” foram coisas que tocaram o meu coração profundamente. Eu que queria tocar, saí de lá tocado, sensibilizado e fortalecido pelo amor que acontece no encontro.
 Durante o espetáculo, Severino pede a plateia um presente para levar com ele na carroça. Fiquei assustado com a quantidade de coisas que recebi. Todas me marcaram profundamente, porque sei que para elas e eles aquele presente significava muito. Uma moça da Educação de Jovens e Adultos me presenteou com um presente que ganhou da mãe. Fiquei balançado ao ver aquela sua declaração de amor ao personagem ou ao momento que vivia e não tive receio em receber, porque sabia que era muito significativo para ela e para mim também.
 Cansaço tinha no corpo, mas os exercícios de voz e respiração e as técnicas de meditação do Solar: Laboratório de Meditação me ajudaram a manter a energia durante as três apresentações, porque para mim não faria sentido apresentar de qualquer jeito ou com meia entrega, pois cada pessoa merece receber o espetáculo como ele foi concebido.
 Isso me deixa muito feliz. Faz-me acreditar que o caminho do entendimento e do aperfeiçoamento se faz caminhando e no contato com as pessoas. Deixou-me vivo e com vontade de seguir.
 Não há palavra que comporte a satisfação que acontece no encontro.
 O encontro não cabe em uma palavra, mas eleva e alimenta a alma.
 Três experiências diferentes e únicas.
 Não esquecerei vocês, porque o amor que lá encontrei segue junto da carroça pelos caminhos que ela for seguir.
 Gratidão a direção e coordenação da escola (Professoras Eliane, Meirilucia e Débora).
 Gratidão a professora Áurea que sempre nos acolhe e incentiva.
 Gratidão a Rayane Wise pela presença, maquiagem e todo apoio.
 Gratidão ao Nivaldo Vasconcelos pelo sempre belo olhar com  o espetáculo.
 Vamos descobrindo juntos esses caminhos.
 Eu agradeço ao universo por ter vivido esse momento.

Bruno 



(Registros Volantes)

Tive um dia maravilhoso na Escola Estadual Dr. Edson dos Santos Bernardes no Bairro Joaquim Leão em Maceió.
Abaixo um registro feito pelas professoras Meirilucia e Débora.
Gratidão pelo coração aberto! 

Pela manhã...

Registro da professora Meirilucia







Pela tarde...


Registro da professora Meirilucia







Pela noite...

Registro da professora Débora




Gratidão!

12 maio 2015

"Volante" na Praça Sinimbú

Gratidão ao anônimo passante.

Gratidão ao anônimo morador(a) da praça Sinimbú.


Gratidão ao anônimo carroceiro que me inspira e me transforma.


Gratidão aos amigxs sempre presentes.


Gratidão a Karina May e ao professor Acioli por trazerem a turma do curso de Teatro Licenciatura para essa experiência.


Nesses encontros a gente se torna um só, seja pelo sorriso, pela troca de olhares e abraços, ou pelo silêncio à distância.


“É na rua que o espírito se fortalece” diziam os queridos doNATA - Núcleo Afrobrasileiro de Teatro de Alagoinhas , dizia Exú, diz uma coisa dentro do meu peito.


A rua é um chamado urgente e eu quero e eu vou.
O teatro é um desses encontros possíveis nessa rua.


Um abraço forte ao Romário Steven pelo carinhoso registro e cuidado.
Gratidão!




Fotografias de Romário Steven



















08 maio 2015

Solar (4º Encontro)

   O nosso quarto encontro aconteceu junto com a turma do 7º período de Teatro Licenciatura da UFAL. Os estudantes estão em processo de Montagem Cênica e Karina é monitora da disciplina.


Foto retirado da página do Solar: Laboratório de Meditação

   Outro espaço, novas e conhecidas pessoas. Novas dimensões. Foi dia de trabalhar a loucura de cada personagem. Severino, Volante, seria um louco? Há momentos em que revela que sim. 
Foto retirado da página do Solar: Laboratório de Meditação

   Perseguir a felicidade e caminhar pelo mundo buscando histórias é a sua maior loucura. Em algum momento eu me pergunto se ele realmente saiu do lugar, em outros eu me pergunto se ele inventou e se realmente tudo está acontecendo naquele momento. Uma loucura que parte do processo de criação ao admirar a estética de Bispo do Rosário e encontrar nos catadores de material reciclado de Maceió uma proximidade com a beleza e loucura de reconstruir o mundo.


Foto retirado da página do Solar: Laboratório de Meditação

   A primeira meditação pedia que respirássemos de forma diferente. Devia ter na sala umas onze pessoas. Respirávamos emitindo som e fazendo movimentos de abrir e fechar os braços flexionados em direção ao rosto e isso causava em mim certa tontura por perceber o fluxo do oxigênio aumentando no meu corpo.


Foto retirado da página do Solar: Laboratório de Meditação

   Na segunda meditação era preciso continuar de olhos fechados e trabalhar a loucura dos personagens, a forma de andar e estar no mundo de cada um deles. Meu corpo respondia ativo as lembranças de Severino e aos poucos ia experimentando novas formas dentro daquele universo do personagem. De repente, consegui fazer um movimento de andar e flexionar os joelhos, isso me doía muito quando tentava fazer anteriormente, mas naquele momento era prazeroso. Sentia vontade de girar, agachar e rir, rir muito. Estar rodeado por mais pessoas causava um medo de trombar e acabar machucando, pois estávamos de olhos fechados e o corpo parecia não resistir ao movimento. Quando eu batia em alguém durante a meditação eu me desconcentrava, mas não abria o olho e continuava, porque já não podia perder aquele momento de descoberta e entrega.


Foto retirado da página do Solar: Laboratório de Meditação

   Chegamos a terceira meditação e de olhos fechados erguíamos e sacudíamos as mãos em pequenos pulos repetindo um mesmo som, enquanto respirávamos. Durante um tempo precisei parar e respirar sem os movimentos, para assim, dar continuidade. Meu corpo respirava. Minha voz estava aquecida. Alguns momentos vinham tonturas, mas a sensação de bem estar era melhor.
   A última meditação foi para silenciar. Respirar deitado no chão e perceber o sangue circulando no corpo. Estava num estado de tranquilidade e com a mente e o corpo ativo. O que mais me deixa curioso nesse processo de meditação é como fico disposto, como chego em casa ainda com vontade de me movimentar mais. Sei que é preciso parar e descansar o corpo, mas quando medito eu fico relaxado, porém pronto para mais atividades físicas.


Foto retirado da página do Solar: Laboratório de Meditação

   Começamos um processo em grupo em que cada vez que fosse citado o nome de um participante esse se jogaria no chão e teria que ser segurado pelos outros, antes que chegasse ao chão. O processo se repetiu quando citava o nome dos nossos personagens.


Registro de Karina May

   Fomos divididos em grupo e as pessoas que contracenavam juntas deveriam trabalhar ações físicas que levassem ao sentimento da personagem. Vi um casal que mantém uma relação de amor e ódio trabalhar no corpo esse atrair e repulsar o outro através da força física de ambos, para então, tornar isso orgânico no corpo e na voz.


Foto retirado da página do Solar: Laboratório de Meditação

   Realizei meu exercício com o grupo que faz o coro do espetáculo e tínhamos que criar uma energia coletiva. Fizemos exercícios de imitar o gesto do outro e em seguida em círculo deveríamos deixar que esse movimento surgisse sem um líder e de forma orgânica entre o grupo. Aos poucos entendíamos e percebíamos o corpo querendo saltar em um movimento e os outros iam seguindo o mesmo fluxo. Foi difícil chegar num fluxo relativamente comum, mas com a prática eu percebi que poderia se chegar nesse lugar e certamente renderá um sintonia incrível ao grupo em sua montagem, já que todos(as) deverão ter o texto dito no corpo ao mesmo tempo.


Registro de Karina May


   Solar: Laboratório de Meditação está a serviço do ator e atriz na sua construção do personagem. Breve estarei apresentado “Volante” e sinto que uma nova energia está solta, aliás, próxima, dentro e misturada em mim.