29 abril 2017

"Texto Ex Machina" volta em maio!





“Texto Ex Machina” vem mudando nesta segunda temporada.
Na primeira (2015) o texto era entregue poucos dias antes e na maioria das vezes era recebido pelas atrizes e atores na hora da gravação. Agora atrizes e atores recebem o texto várias semanas antes.
É importante que cada pessoa tenha tempo para estudar o material e possa assim se apropriar dele, trazendo elementos do seu trabalho na construção da leitura.
O cenário continua sendo principalmente a nossa casa, porém, a proposta começa a ser “volante” e passa a se deslocar por outros espaços quando for necessário.
A captação de som também mudou, antes o som da câmera era nosso único recurso, mas para ampliar a relação do espectador com o texto, decidimos explorar mais as questões de som direto através de outros dispositivos de captação.
TEXTO EX MACHINA é Fazer leituras de textos teatrais autorais através da plataforma do audiovisual, no entanto, a receita ficou mais recheada:
A câmera e o som + diretor + atriz e ator + texto estudado previamente + Espaço mutável = Texto Ex Machina.
Em maio contamos com a releitura dramatizada de Elaine Lima e Nathaly Pereira, atrizes/palhaças do grupo Clowns de Quinta, do texto “A RONDA”.
Assistam os nossos episódios ! Essa Machina é nossa!

12 abril 2017

Por onde andamos – Crise "Pré – Textual"

         
Teatro é uma coisa louca e linda. Teatro é centelha de vida e ele nos pega e incendeia nosso corpo todos os dias.
Estamos numa fase muito importante do espetáculo “dona incelença da rua”. Está cada vez mais perto o dia de encontrar o público. A gente sente isso, a gente já decidiu que precisa desse encontro. É urgente para nós, mas não existe pressa, o que existe é vontade de trocar, de mostrar o que os nossos corpos andam descobrindo nesses quase cinco meses.
Pois vamos falar agora de uma crise “pré-textual”...
O processo do espetáculo, como falado em postagens anteriores, começa em rodas de conversas informais, em observações da vida e das notícias ao nosso redor. O processo começa quando a violência cresce e as perdas de pessoas queridas por conta da violência ficam cada vez mais constantes.
Um material textual foi escrito em novembro de 2016 e nossos encontros começam na primeira semana de dezembro.
Como compartilhado em postagens anteriores, foram momentos de dar e receber. Nossos corpos tinham histórias para contar e por mais que o texto escrito nos aproxime do que queremos, nossa história corporal estava cada dia mais independente.
As tentativas de aproximação com o texto escrito foram cada dia mais “falhas”. Existia alguma coisa de errado, pensava eu, mas não, existia alguma coisa de certa entre nós, um contrato estabelecido em nossas relações de encontros. Nosso corpo nos diz “eu quero falar o que está em mim”. Como lidar com essa inquietação, como não resistir ao corpo-palavra que nos envolve?
Entregando-se!
Conversamos em nosso último encontro sobre essa possibilidade que se mostrava. É momento de dar ouvidos a ela e se permitir.
Esses dias a vivência com o “Palco Giratório” me fez encontrar trabalhos em que os corpos estão diretamente relacionados com seu tempo e espaço. Nossos corpos estão assim, querendo se comunicar honestamente com nosso espaço e tempo.
Muitas dúvidas crescem, muitos caminhos aparecem. Eu olho e me perco, mas percebo que é possível se reencontrar no meio do turbilhão de sensações.
Sensações...
 Essa palavra ficou em nosso peito no fim do encontro de hoje. Queremos falar de sensações, do que estamos sentindo, do que queremos que as pessoas sintam também, se não já sentem...
E se não agradar?
Pois bem... Não estamos aqui fazendo teatro para isso. Queremos um diálogo franco, honesto e verdadeiro com o público e isso não implica em agradar, implica em saber o que o provoca em nosso trabalho e em como ele pode ser afetado por isso que queremos dizer.
Tem sido meses de encontros e de uma entrega muito honestos entre nós. Vivemos nesse período encontros que mudaram nossas vidas. Não estou exagerado. A minha vida mudou depois desse processo de encontro com as pessoas envolvidas em “dona incelença”. Eu já não sou o mesmo teatro de quando comecei. Eu estou me tornando um teatro feito cada vez mais de afetos, presenças, ausências, vitórias e fracassos.
Como é difícil assumir o fracasso. Como é difícil lidar com ele em um tempo onde somos obrigados a vencer todos os dias. Esse teatro que aqui vivemos agora nos mostra que não somos obrigados a vencer, somos sim impulsionados a viver cada etapa e momento de nossos dias.
Eu, como aprendiz de dramaturgo, vivo a crise pré-textual, sim uma crise que afeta a todos nós em “Dona incelença”. Nossos corpos não são corpos programados para decorar o que não nos afeta, e por favor, não me leve a mal quando escrevo isso, porque para mim toda experiência de teatro é válida, mas aqui eu falo da nossa, do nosso amadurecimento e das nossas inquietações. E também isso que escrevo não é um texto anti-texto teatral. Nossa experiência nos ensina que o texto foi um mote, um caminho, um impulsionador de sensações. As sensações afloraram, chegaram em lugares inesperados e agora estamos reconstruindo dramaturgicamente todas elas.
Estamos aprendendo um com o outro e com o espaço e com as pessoas que nos cercam. Estamos refletindo criticamente sobre isso. É importante. É enriquecedor.
Eu compartilho com você esse momento, porque nós não temos você em nossa sala de ensaio e é importante que quem nos vai assistir um dia entenda que somos feitos de afetos, vitórias e fracassos.
Fracassamos com o texto, então?

Não posso dizer isso, porque nós vencemos os nossos limites e estamos crescendo com isso a cada encontro.O texto continua em nós, só que tem vida, cresce e se mostra de outras formas, da nossa forma.

Bruno Alves

11 abril 2017

Construção de máscaras para "dona incelença"

Acabamos de finalizar a primeira etapa de construção de máscaras para o espetáculo "dona incelença da rua".
Noite de muito aprendizado e descoberta.
Orientação de Gessyca Geysa






09 abril 2017

Por onde andamos – Quando você chegou aqui...



Saímos do primeiro encontro com a cabeça fervilhando de ideias.
Era momento de cada pessoa entrar na roda e construir o ritmo.
Abaixo eu vou escrevendo resumidamente como cada pessoa foi se colocando dentro da roda.

Nathaly Pereira  e Wanderlândia Melo:

As duas atrizes e palhaças vem de uma vivência muito forte da pesquisa do mundo da palhaçaria e viram no primeiro encontro a possibilidade de trabalhar a construção do “coro” através de jogos de palhaços e bufões.
Tivemos encontros em que trabalharam para que pudéssemos construir um corpo coletivo com ações e reações surgidas no encontro.
Wanderlândia foi inserindo frases do material textual que tínhamos em mãos e aos poucos íamos vendo como aquele pré-texto ia se inserindo dentro dos jogos e corpos.
O jogo do coro era um lugar em que percebíamos como nossa reação coletiva era por momentos violenta, mas que ao longo dos encontros fomos percebendo isso e encontrando mais cumplicidade do que afrontamento ao outro que estava conosco na roda.

Thiago Fernandes Amorim:

Thiago vem da recente vivência com o curso de iniciação ao teatro na Escola Técnica de Artes. Está atualmente estudando Ciências Sociais na UFAL e seu olhar para o espetáculo foi trazendo contribuições de reflexão social. Thiago nos trouxe livros e textos que falam sobre a violência na história do nosso estado. Thiago reflete bastante sobre as contribuições e vai transformando em texto as coisas que são vividas. Seu olhar e entrega assumem um lugar muito importante na construção.

Rayane Wise:

Rayane vem desde o primeiro espetáculo com o Coletivo Volante e foi com ela que vivenciei projetos como o “Ameriafro contos Volantes” na Aldeia Wassu-Cocal. Anterior a tudo isso ela traz uma paixão por Bertolt Brecht e o tem pesquisado para o seu Trabalho de Conclusão de Curso na UFAL.
Rayane trouxe para a roda o Gestus Social de Bertolt Brecht. Pudemos vivenciar, entender e refletir sobre a prática.

Nivaldo Vasconcelos:

Cineasta, fotografo... que mais? Ator.
Nivaldo colaborador do coletivo desde sua origem assume nesse espetáculo o desafio de ser ator, de atuar junto da gente.
Suas pesquisas com fotografia e audiovisual nos últimos quatro anos envolvem o candomblé. Nivaldo nos trouxe como vivência Exú e Nanã como corpos que nos inspiram e influenciam na construção do espetáculo.

Jonathan e Jefferson:

Eles são gêmeos, ok!
São irmãos com vivências dentro do coco de roda alagoano. Conhecemos os dois no Circuito SESC de Artes por cinco cidades do estado de Alagoas.
Jonathan e Jefferson nos trazem o corpo do coco alagoano como ponto de partida para as investigações da nossa movimentação e construção de partituras corporais.

Gessyca Geysa:

Gessyca tem pesquisado muito o treinamento de ator, a energia, o corpo/palavra...
Sua vivência conosco tem trazido muito de sua experiência com a mimese corpórea. Nos instiga e nos impulsiona a sair do lugar de conforto que nosso corpo tenha chegado.
Percebemos um texto que surge, uma palavra que já nasce em conjunto com o corpo. Uma palavra que está dentro de nós.

Luciano Rodrigues:

Luciano foi indicação do artista Jairon Santos. Conhecemos Luciano no dia do encontro. Generoso e muito competente ele nos trouxe o Maculelê como referência. Vivenciamos a história e a prática do Maculelê. É um conteúdo que tem nos inspirado na construção corporal.

Junte toda essa experiência e bata em um liquidificador...
Isso vai dar no espetáculo “Dona incelença da rua”. São três meses de contribuições que agora nos permitem ir para a busca da construção das cenas.
Durante esses três meses como dramaturgo tive que misturar a experiência de observar e vivenciar para poder ir juntando as coisas que iam surgindo.
O texto que foi surgindo já chega na quinta versão, mas mesmo assim não é definitivo, pois nos encontros que seguem iremos a construção das primeiras cenas  que ocasionará muitas mudanças.
Esses três meses de contribuições foram dando forma ao espetáculo que embora não exista ainda em formato de cena, já está feito em nossos corpos.
A minha preocupação em ir escrevendo o que ia surgindo (inclusive observar as conversas na hora do intervalo) era poder trazer na escrita a presença de cada pessoa, sendo assim, a cena e o texto que vai surgindo é feito de contribuições. As cenas não são ideias minhas, são ideias trazidas no encontro, trazidas por escrito também, pois até o que eu tinha como texto inicial foi se modificando de acordo com o discursos que o corpo de cada ator e atriz vinha trazendo.


Vamos a cena, então...

Texto escrito em 10 de março de 2017 e só agora publicado.


Bruno Alves
Ator e Dramaturgo do Coletivo Volante de Teatro