Saímos do primeiro encontro com a
cabeça fervilhando de ideias.
Era momento de cada pessoa entrar na
roda e construir o ritmo.
Abaixo eu vou escrevendo resumidamente
como cada pessoa foi se colocando dentro da roda.
Nathaly Pereira e Wanderlândia Melo:
As duas atrizes e palhaças vem de
uma vivência muito forte da pesquisa do mundo da palhaçaria e viram no primeiro
encontro a possibilidade de trabalhar a construção do “coro” através de jogos
de palhaços e bufões.
Tivemos encontros em que trabalharam
para que pudéssemos construir um corpo coletivo com ações e reações surgidas no
encontro.
Wanderlândia foi inserindo frases
do material textual que tínhamos em mãos e aos poucos íamos vendo como aquele
pré-texto ia se inserindo dentro dos jogos e corpos.
O jogo do coro era um lugar em
que percebíamos como nossa reação coletiva era por momentos violenta, mas que
ao longo dos encontros fomos percebendo isso e encontrando mais cumplicidade do
que afrontamento ao outro que estava conosco na roda.
Thiago Fernandes Amorim:
Thiago vem da recente vivência
com o curso de iniciação ao teatro na Escola Técnica de Artes. Está atualmente
estudando Ciências Sociais na UFAL e seu olhar para o espetáculo foi trazendo
contribuições de reflexão social. Thiago nos trouxe livros e textos que falam
sobre a violência na história do nosso estado. Thiago reflete bastante sobre as
contribuições e vai transformando em texto as coisas que são vividas. Seu olhar
e entrega assumem um lugar muito importante na construção.
Rayane Wise:
Rayane vem desde o primeiro
espetáculo com o Coletivo Volante e foi com ela que vivenciei projetos como o “Ameriafro
contos Volantes” na Aldeia Wassu-Cocal. Anterior a tudo isso ela traz uma paixão
por Bertolt Brecht e o tem pesquisado para o seu Trabalho de Conclusão de Curso
na UFAL.
Rayane trouxe para a roda o Gestus
Social de Bertolt Brecht. Pudemos vivenciar, entender e refletir sobre a
prática.
Nivaldo Vasconcelos:
Cineasta, fotografo... que mais? Ator.
Nivaldo colaborador do coletivo desde sua origem assume
nesse espetáculo o desafio de ser ator, de atuar junto da gente.
Suas pesquisas com fotografia e audiovisual nos últimos
quatro anos envolvem o candomblé. Nivaldo nos trouxe como vivência Exú e Nanã
como corpos que nos inspiram e influenciam na construção do espetáculo.
Jonathan e Jefferson:
Eles são gêmeos, ok!
São irmãos com vivências dentro do coco de roda alagoano.
Conhecemos os dois no Circuito SESC de Artes por cinco cidades do estado de
Alagoas.
Jonathan e Jefferson nos trazem o corpo do coco alagoano
como ponto de partida para as investigações da nossa movimentação e construção
de partituras corporais.
Gessyca Geysa:
Gessyca tem pesquisado muito o treinamento de ator, a
energia, o corpo/palavra...
Sua vivência conosco tem trazido muito de sua experiência com
a mimese corpórea. Nos instiga e nos impulsiona a sair do lugar de conforto que
nosso corpo tenha chegado.
Percebemos um texto que surge, uma palavra que já nasce em
conjunto com o corpo. Uma palavra que está dentro de nós.
Luciano Rodrigues:
Luciano foi indicação do artista Jairon Santos. Conhecemos
Luciano no dia do encontro. Generoso e muito competente ele nos trouxe o
Maculelê como referência. Vivenciamos a história e a prática do Maculelê. É um conteúdo
que tem nos inspirado na construção corporal.
Junte toda essa experiência e bata em um liquidificador...
Isso vai dar no espetáculo “Dona incelença da rua”. São três
meses de contribuições que agora nos permitem ir para a busca da construção das
cenas.
Durante esses três meses como dramaturgo tive que misturar a
experiência de observar e vivenciar para poder ir juntando as coisas que iam
surgindo.
O texto que foi surgindo já chega na quinta versão, mas
mesmo assim não é definitivo, pois nos encontros que seguem iremos a construção
das primeiras cenas que ocasionará
muitas mudanças.
Esses três meses de contribuições foram dando forma ao
espetáculo que embora não exista ainda em formato de cena, já está feito em
nossos corpos.
A minha preocupação em ir escrevendo o que ia surgindo
(inclusive observar as conversas na hora do intervalo) era poder trazer na
escrita a presença de cada pessoa, sendo assim, a cena e o texto que vai
surgindo é feito de contribuições. As cenas não são ideias minhas, são ideias
trazidas no encontro, trazidas por escrito também, pois até o que eu tinha como
texto inicial foi se modificando de acordo com o discursos que o corpo de cada
ator e atriz vinha trazendo.
Vamos a cena, então...
Texto escrito em 10 de março de 2017 e só agora publicado.
Texto escrito em 10 de março de 2017 e só agora publicado.
Bruno Alves
Ator e Dramaturgo do Coletivo Volante de Teatro
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