Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta...
João Cabral de Melo Neto
Fui ver Volantes, encontrei Severino. E Severino,
nos veio com uma conversa cheia de voos. Sim ele é um volante, assim intitulado
pelo Bruno, eles tem capacidades de voar e pousar. O Pontal é um dos lugares
mais encantadores da capital, já fico em outro estado com tanta poesia que ali
habita, a gente desacelera e acalma quando chega o balançar da vida é outro. E
batendo palmas, como se estivesse a nossa porta, pra pedir uma água, pra fazer
uma pergunta, iniciar um diálogo, Severino se apresenta falante e contente.
Creio que é há sina de todo artista caminhar,
sempre em busca de algo, em busca do desconhecido, de sonhos, de vidas, e
escavamos todas as possibilidades do nosso ser, precisamos estar em vigia na
vida. E Severino começa assim sua caminhada com uma carroça de fitas, pega por
onde passa seus elementos que trazem suas memórias, e nelas emoções, medos,
alucinações, lições e afetos. E nessa empreitada de andar e encontrar, ele quer
o que todos mais querem. A FELICIDADE. E cheio de fé ele nos anuncia e nos
pergunta incessantemente.
Onde tá a felicidade? Vocês sabem onde tá a
Felicidade? Onde eu acho a Felicidade?
Tem palavra trocada que até hoje é presente na vida
da gente, creio que essas são aquelas que atravessam a alma e nos marcam pra
sempre e nessa conversa com Severino, nos identificamos. O incansável andarilho
sonhador, que pinta o rosto e carrega histórias na carroça encontra com a
morte, se ela é real ou não,não interessa ela o desafia e ele como nós jamais
desiste da vida e do que ela nos propõem a todo instante. Felicidade.
Embaixo do nosso nariz, em cima da ponte, do nosso
lado sentada no sofá, ou dentro de um baú. Sua sina é procurar a bendita
felicidade. E quem todo dia não levanta espiando os cantinhos da vida a sua
procura?
"Ao caminhar por certas ruas e usar seus
lugares públicos, o homem cria suas próprias histórias e mitos; seus passos
tornam-se a fala da língua da cidade.Nesse sentido, o espaço não é um lugar
definido ou fixo, mas um não-lugar, que se torna vivo através da re-apropriação
dos lugares praticados."Cabral.Biange
Volante é aquele que pode ser transportado pra
qualquer lugar, assim se realiza essa conversa com Severino, em meio ao seus
contos conversamos com nós mesmos. O que mais encanta em Volante é que é um
conversa sincera, tem fragilidades sim, mas quem de nós nessa vida não as tem,
penso que elas vão no andar do Severino se fortalecer e criar sempre um novo
tempo de cena pra ele. Ele que tem muito a contar e receber por onde passar.
Espero ir novamente ao seu encontro, anseio que Severino precise de outros
espaços, por isso cito Cabral acima. Mas com ou sem a felicidade quero estar
presente na busca de me ver novamente na sua cena. Bruno to aqui pra conversar
mais da sua cena e avise Severino que espero que ele encontre a felicidade que
nos traz.
Direção: Nivaldo Vasconcelos Maquiagem e
Produção: Rayane Wise
Figurino e Adereços: Fernanda Vasconcelos, Bruno
Alves e Nivaldo Vasconcelos
COLETIVO VOLANTE