27 novembro 2015

Leituras Volantes 02: "Itinerário Novos Ciclos"


 Um dia desses no mês de agosto enviei uma mensagem a Alex Apolônio convidando para uma parceria com o Coletivo Volante. Estava começando a pensar numa proposta para leitura de textos que venho escrevendo no Clube de Dramaturgia e de textos de amigos também. Começaria, então, as “Leituras Volantes”.


 Leituras Volantes é uma busca por espaços alternativos da cidade em que se possam realizar leituras dramatizadas de autores e artistas locais.
 As leituras serão realizadas por pessoas que queiram experienciar a leitura do texto dramático em público, ampliando o espaço de experiência para quem não fez ou faz teatro e possibilidando um lugar de cena onde todos(as) possas ser atuadores(as).
 Nasce da necessidade do Coletivo Volante de investigar as dramaturgias contemporâneas e suas possibilidades de criação e representação.
 Os textos são autorais e vão se reconstruindo através das leituras dxs atuadorxs  envolvidos e do publico presente.
 O “Itinerário Novos Ciclos” tem um projeto aprovado pelo Programa de Iniciação Artística da UFAL, no qual realizam apresentações teatrais dentro dos vagões de trem aqui em Maceió. Acompanhei um dia dessa jornada e isso me deixou bastante feliz e instigado por ver espaços como aquele sendo ocupados por teatro. Vale ressaltar que o texto apresentado dentro do vagão tinha um cunho político muito forte e num jogo que me lembrou Augusto Boal, elxs faziam a plateia decidir pelo final da cena. O projeto nasceu para aquele espaço e o ocupava de uma forma muito importante, porque naquele trem iam de volta para suas casas muitos trabalhadores.
 Convidei Alex para o desafio de ver um texto que escrevi sendo lido pelo grupo. Podia ser no vagão, podia ser no lugar que escolhessem. Alex pediu que fosse um texto ainda não lido em “Texto Ex Machina” e assim fizemos.
 O tempo foi passando e o grupo dedicou dias com muito carinho para a leitura do texto e construção da leitura dramatizada numa praça. O material textual, como chama a dramaturga Adélia Nicolete, estava sendo investigado pelo grupo e transferido para seus corpos.
 Ontem, 27 de novembro, Alex me convida para a leitura na Praça Guimarães Passos, no Bairro do Poço em Maceió. Deparo-me com um processo muito interessante cheio de cuidados. Havia caracterização nos atuadores e no espaço. Estavam lá para a leitura: Alex Apolonio, Gustavo Viana, Juliana Krisam e Romário Steven.
 Quando a leitura iniciou vi que haviam criado uma música para cortejo e convite ao público presente naquele lugar. O titulo do texto que inicialmente era “A Ronda” foi chamado pelo grupo de “A Ronda Policial”.
 A leitura me fez ver um texto se transformando numa imensa possibilidade de interpretações. Nesse texto eu não dou nome aos personagens, não uso rubrica e escolho uma forma narrativa para contar a história. Alex me dizia que isso provocou o grupo a encontrar uma possibilidade de leitura. 
 Na peça os personagens assistem a um programa policial para saber os saldos de mortes do último final de semana. Em alguns momentos eles narram o que estão vendo e em outros vão entrando na intimidade do repórter que é responsável por informar sobre os crimes do lugar. Tem momentos que a gente não sabe se quem fala é o narrador, o repórter, ou o pensamento do repórter, o pensamento dos acusados... Tudo vai se misturando e acabando num chá de fim de tarde.
 As saídas encontradas pelo grupo me surpreenderam. Eu conseguia enxergar o drama que existia em vermos os narradores se transformando em pensamentos ou falas dos outros personagens.
 Gustavo Viana me perguntava ao final como eu havia pensado uma possível montagem. Essa pergunta eu não respondi, porque acho importante a liberdade que se pode dar para a criação. Aquele texto quando escrevi era um “material textual”, mas quando foi encontrando forma no corpo, voz e expressão dos atores e atriz já não era mais meu, era delxs, porque traziam as suas inúmeras leituras.
 Alex me perguntou se eu continuaria a escrever o texto e mostrou-se interessado em continuar a leitura. Eu lhe respondi que continuaria com as coisas que elxs me trouxeram, pois aquela resposta era importante para que eu pudesse entender o texto e o seu lugar naquele espaço.
 Confesso que achei bastante interessante a estrutura de teatro de rua que a leitura foi ganhando, pois quando o texto foi escrito eu não havia determinado um espaço especifico.
 “Leituras Volantes” tem me proporcionado ter uma resposta mais de perto dos textos que venho escrevendo. É que quando escrevo no Clube de Dramaturgia não imagino como será o encontro desse texto com o ator/atriz/publico e ter a oportunidade de ouvi-lo ajuda na escrita e na busca por uma melhora. 
 Eis uma ansiedade desse que aqui escreve: os textos que vão sendo engavetados causam uma certa aflição em mim, pois chega um momento que preciso do retorno e do olhar de outra pessoa para encontrar outras possibilidades para continuar o texto. 
 Itinerário Novos Ciclos me trouxe o seu olhar e sua leitura carinhosa e atenciosa. Eu tenho muito a agradecer a elxs!

Abraços,
Bruno 

Um registro:













            

"Leitura Volante" 01


Em setembro tive a oportunidade de partilhar da leitura de um dos textos que venho escrevendo.
Iniciou naquele momento o projeto Leituras Volantes.
“Leituras Volantes” é uma busca por espaços alternativos da cidade em que se possam realizar leituras dramatizadas de autores e artistas locais.
As leituras serão realizadas por pessoas que queiram experienciar a leitura do texto dramático em público, ampliando o espaço de experiência para quem não fez ou faz teatro e possibilidando um lugar de cena onde todos(as) possas ser atuadores(as).
Nasce da necessidade do Coletivo Volante de investigar as dramaturgias contemporâneas e suas possibilidades de criação e representação.
Os textos são autorais e vão se reconstruindo através das leituras dxs atuadorxs e envolvidos e do publico presente.
O encontro aconteceu na turma de Psicologia do CESMAC com a orientação da professora Renata Guerda.

Diálogos

Era uma aula diferente(mas as aulas de Renata são diferentes pela sua póstura diante da vida). Tínhamos naquela noite a oportunidade de conhecer dois universos distintos. Eu estava diante de uma turma de estudantes de Psicologia e elxs diante de um texto de teatro em construção. O projeto tem por objetivo a troca e as mais diversas experiências em torno de um texto.
Certamente, aquelxs estudantes não se intitulam atores, mas tanta gente de teatro já questionou esse ser ou não ser ator/atriz. Temos figuras tão vivas em nossa caminhada como Viola Spolin e Augusto Boal que criaram caminhos que nos possibilitam atuar e atuar indo mais além, atuar como agente de transformação.
A “Tribo de Atuadores: Oi Nóis Aqui Traveiz”(RS) usa bastante o termo atuador para denominar quem são seus atores e atrizes. Assistindo uma vez um de seus espetáculos, percebia essa atuação dentro desse espaço em que estamos inseridos. Psicólogxs são atuadores em seus contextos também! São agentes que possibilitam caminhos de transformação.
Renata é uma professora corajosa, dessas que toda instituição de ensino deveria ter. Deu-me espaço para experienciar juntos aos estudantes aquele momento de estar em cena. Fizemos jogos, conversamos, cantamos e preparamos o ambiente para o inicio da leitura. A turma é receptiva e cada pessoa ia a sua maneira se envolvendo dentro daquela roda.
Duas estudantes e um estudante se dispuseram a fazer a leitura de “Sinantropia, ou Corpo de Gente”. Escutamos e vi em seus corpos uma disposição de estar ali diante dos outros.
Começamos uma conversa sobre as impressões que o texto deixou. Os depoimentos eram os mais diversos. Eu gosto dessa coisa da subjetividade, e imagino que elxs gostem dessa palavra também, porque a experiência da leitura trazia junto a experiência da vida de cada pessoa.
Fiquei surpreso com a reação, principalmente por ter sido a primeira vez que alguém lia um texto meu em público. Foi uma sensação de ter na roda uma mistura de sensações.

Eu agradeço a Renata pela porta e o coração aberto. Agradeço aos atuadorxs pela oportunidade que me deram em ver o texto em seus corpos, voz e coração.

25 novembro 2015

Volante '18

 O espetáculo "Volante" chegou ao Bairro do Pinheiro em Maceió e foi apresentado na Praça Arnon de Mello na noite de hoje.


 Um público mais que especial para mim. Composto por estudantes da Educação de Jovens e Adultos da Escola Municipal Edécio Lopes. A turma é coordenada pela professora Jaqueline Leite Vaz.
 No segundo semestre de 2014 realizei com elxs o meu estágio final no curso de Teatro Licenciatura da UFAL com a orientação da professora Nádir Nóbrega.
 O estágio tinha como objetivo a escrita de um texto teatral a partir da oralidade e da experiência de vida de cada um. O texto recebeu o titulo de "O Interior das Minhas Águas Presentes". 
 Foi desafiador, porque na época uma parte dos estudantes estava começando a ler e a oralidade e visualidade foi de grande importância para tecer o texto final que foi lido pela professora e eu em nossa confraternização na escola.
 Voltar e encontrar aquelas pessoas estudando e encontrando novos caminhos para as suas vidas é sempre gratificante e fortalecedor. Hoje elxs tiveram a oportunidade de me ver atuando e conhecer o teatro que tanto falei em sala de aula.
 "Volante" acontece fora do edificio teatral e isso os chamou bastante atenção, por verem na prática um espaço que sempre percorrem sendo transformado em palco.
 Suas filhas e filhos estiveram presentes, como estão também na maioria das aulas, afinal essas pessoas trabalham o dia todo e tiram a noite para recomeçar seus sonhos e muitas vezes não tem com quem deixar as crianças.
 O encontro modifica a minha vida e encontrar com elxs mais uma vez me dá força e alegria para continuar esse teatro volante.
 Que "a força que nunca seca" permaneça em nós, viva e presente mesmo quando não a percebemos.
 Eu agradeço pela noite, pelo encontro sempre tão renovador e fortalecedor.
Abraços
Com carinho,

Bruno

Segue um registro desse momento.











Registro da professora Jaqueline:











19 novembro 2015

Volante '17

 Na noite do dia 17 de novembro tive a oportunidade de apresentar o espetáculo "Volante" no Bairro Santa Lúcia aqui em Maceió. A apresentação fez parte da programação da Feira de Cultura da Escola Novo Horizonte e foi um convite especial da amiga e atriz Rozebel Tenório.
 Sempre bom estar ao lado das pessoas e compartilhar com elas histórias. Nesse dia, estudantes e familiares estavam reunidos na porta da escola para partilhar o aprendizado da sala de aula e assistir ao espetáculo.
 Agradeço a acolhida e a troca sincera!
Abaixo fotos do registro da escola.
Abraços
Bruno