31 agosto 2017

Revista Colaborativa #TEXTÃO Nº 3 no ar!


Chegamos a terceira edição.
Acesse aqui:
http://online.fliphtml5.com/eojs/ujgx/



Temos hoje uma revista com mais páginas do que as edições anteriores. Fruto de encontros e de ampliação de nossos diálogos.
Só existe um critério de seleção do material que compõe cada edição: A vontade de compartilhar.
Recentemente tive a oportunidade de vivenciar a primeira etapa do Ateliê de Dramaturgia com Adélia Nicolete na cidade de Recife – PE. Vivendo e finalmente encontrando com Adélia pude perceber como esse processo da publicação da revista dialoga com a “Memória” que estudamos no Ateliê. Guardar processos e experiência é um ato de memória. Guardamos para não esquecer quem fomos e quem estamos nos tornando. Por aqui a palavra guardar talvez não seja a única que contemple esse espaço, pois por aqui nós queremos além de tudo: compartilhar.
Agora chegou o momento de a gente conversar mais de perto com Vinícius Souza, ator e dramaturgo mineiro, que particularmente me provocou bastante com sua oficina de Dramaturgia aqui em Maceió em 2015 (já falei disso no editorial nº1). Esse texto “A faca” que agora acompanha essa edição, foi escrito durante a oficina com ele e de lá para cá a busca tem se tornado mais intensa e com um olhar mais aberto para as outras possibilidades. Vinicius é parte dessa revista, porque sua presença transformou a minha vida. Eu serei eternamente grato a ele.
Falamos sobre festivais e mostras de teatro em Alagoas, afinal, esse próximo bimestre será rico de experiências nesse contexto. Nesta edição Thiago Sampaio Cia Do Chapéu, fala sobre o Festal e a Cia Nêga Fulô/AL apresenta o Festijal - Festival de Teatro para Infância e Juventude de Alagoas
Vamos conhecer um pouco da trajetória da Cia. Teatro da Meia-Noite 15 anos que chega aos seus 16 anos de teatro e a qual foi a idealizadora do Festal que esse ano chega a sua terceira edição.
Através de Joesile Cordeiro vamos conhecer os bastidores da campanha de financiamento coletivo pelo Catarse que movimentou o primeiro semestre do ano e nos ensinou que é possível sim fazer a diferença quando estamos juntos.
Tem artigo de Daniela Beny sobre sua pesquisa de mestrado e temos duas novas seções: A #Verbo com o poeta Magno Almeida e #Agenda com a programação de Artes Cênicas que nos foi enviada por e-mail para esse bimestre.
Vai ter Magnun Angelo falando sobre a importância dos festivais e mostras no #ProntoFalei; Jessé Batista compartilhando a sua experiência com dança; #FicaaDica com Nivaldo Vasconcelos que também compartilha um pouco da experiência de fazer TEXTO EX MACHINA,que completou 2 anos em 2017. Tem #Galeria com fotos de espetáculos enviadas por Alexandra Souza e Thiago Vasconcelos.
Estamos muito felizes por mais uma edição.
Agora só falta você para ampliar cada vez mais esse espaço. Não esquece: Compartilha conosco!
Bruno Alves
coletivovolante@gmail.com
Editorial: Ação coletiva.
Produção desta edição: Rayane Wise, Bruno Alves e Nivaldo Vasconcelos.

29 agosto 2017

Espetáculo"Incelença" volta em setembro

Amigxs
Nosso espetáculo “Incelença” está voltando agora no mês de setembro.
Serão três apresentações que acontecerão dentro do Porão do Teatro Deodoro com lotação máxima para 50 pessoas.
Será para nós um momento muito importante para reencontrar você e compartilhar da nossa construção.
O valor do ingresso cabe no seu bolso. 
Venha e pague quanto puder!
Agradecemos a Alexandre Holanda e a Diretoria de Teatros de Alagoas – DITEAL que nos concedeu espaço para a construção, as funcionárias (os) do Complexo Cultural e do Porão.
Sinopse:
"Mães fazem morada na ausência dos filhos mortos pela violência. O descotidiano é revivido em uma incelença que ecoa em seus corpos. Um grito de socorro escorre pelas paredes."


Informações:
Incelença é um espetáculo construído em sala de ensaio por: Bruno Alves, Gessyca Geyza, Jefferson Júlio, Jonathan Silva, Nathaly Pereira, Nivaldo Vasconcelos, Rayane Wise, Thiago Amorim e Wanderlândia Melo.
Ficha Técnica:
Direção: Gessyca Geyza
Texto: Bruno Alves
Elenco: Bruno Alves, Nathaly Pereira, Nivaldo Vasconcelos, Rayane Wise, Thiago Amorim e Wanderlândia Melo.
Designer Gráfico e Fotografia: Nivaldo Vasconcelos
Iluminação e Figurino: Uma construção coletiva
Classificação indicativa: 14 anos

26 agosto 2017

Primeiro nota sobre a circulação do espetáculo "Volante"



Essa semana o espetáculo “Volante” retornou a duas comunidades já visitadas no mês de julho.

Dessa vez o propósito era a apresentação do espetáculo nas comunidades que inspiraram histórias.

Essa nota é para constatar algumas coisas que ficaram bem visíveis ao longo das visitas e apresentações.

Em Maceió existem poucos espaços para cultura, esporte e lazer dentro das comunidades. Há sempre um novo espaço para delegacias.

Quando apresentamos na praça central do terminal de Fernão Velho ficamos encantados com a praça do lugar.

Haviam brinquedos para as crianças e um espaço onde as pessoas circulavam com suas famílias. Por trás da árvore da praça, onde aconteceu a apresentação, existia uma sede da delegacia. Vale ressaltar que no mesmo bairro existem prédios em desuso, como uma antiga fábrica que agora aos poucos está se deteriorando.

Por trás da árvore: uma delegacia

Na Chá de Bebedouro, no mirante, de frente existe um terreno enorme, que durante a visita no mês de julho, acolheu o Circo Sandra que já estava com intimação para se retirar.

O circo relatou as dificuldades de encontrar espaços e muito mais que isso, as taxas cobradas pela prefeitura que são as mesmas cobradas aos grandes circos que se instalam ao lado dos shoppings. Vale ressaltar que esses grandes circos geralmente possuem patrocinadores nacionais, estaduais e também na esfera governamental. Nesse mesmo terreno ao seu fundo encontra-se a casa onde Mestre Benon brincou com seu Guerreiro durante muitos anos aqui em Maceió.  Ao lado tem um grande campo improvisado onde a juventude se encontra para jogar futebol. Talvez por tempo determinado.

Terreno encontra-se limpo para a construção de um Complexo de delegacias

A surpresa ao chegar para a apresentação foi encontrar o terreno limpo com uma grande placa de construção que dizia “Construção de um Complexo de Delegacias”.

Pois bem!

O investimento em delegacias, os prédios abandonados, a falta de estimulo a práticas culturais e esportivas e a precariedade dos espaços de uso comum ainda prevalecem.

A circulação continua em setembro.


16 agosto 2017

Prêmio Eris Maximiano: Volante - Primeira agenda de apresentações


Confira a primeira agenda do espetáculo "Volante" pela cidade!


Dom 20/08 às 16h 
Mirante do Alto de Ipioca 

Ter 22/08 às 16h 
Árvore central do terminal de Fernão Velho

Qua 23/08 às 16h 
Mirante da Chã do Bebedouro 

Sáb 02/09 às 11h 
FLI Pontal - Beira da Lagoa Mundaú ao lado do Mercado do Peixe.



02 agosto 2017

Prêmio Eris Maximiano: 10º Passo - Brejal "Projeto Erê"


Saímos Rayane e eu ao encontro de Ticiane Simões.



Iriamos juntos ao bairro da Brejal conhecer a ONG do Projeto Erê.

Hoje o dia é de noticias ruins no nosso país. Estar na Brejal e encontrar gente ressignificando e buscando dignidade para seus espaços enche o peito de esperança.

O bairro tem uma forte movimentação cultural. Tem a presença do movimento  Hip Hop, tem o Quintal Cultural que tive a alegria de apresentar "Volante" em 2015.

O Quintal Cultural é um espaço lindo dentro da cidade. Abre suas portas para todxs e acolhe com afeto e muita responsabilidade social.

Mas hoje, Ticiane nos levou para conhecer o Projeto Erê.

"É novo esse projeto, Tici?" - perguntei, pois não conhecia.

"Vai fazer trinta anos em setembro" - respondeu-me.

As ruas enlamaçadas eram um reflexo das últimas chuvas. Qualquer chuvinha que dá por lá já alaga tudo.

Não havia nas proximidades uma praça. 

Havia uma estátua do padroeiro, que eu acho que era São Francisco. Ao lado da estátua um banquinho que deve ser disputadíssimo pelas pessoas.

Paramos no Espaço Arteiro, uma extensão do Projeto Erê para as crianças maiores. Iria começar em instantes aulas de percussão.
As crianças chegavam aos poucos e ao se ouvir o primeiro batuque todas estariam ali, alertava Ticiane.



Chegamos no Projeto Erê. 



Crianças participavam de atividades educativas.

Não é uma escola. É uma ONG de fortalecimento da dignidade e de direitos de cada uma.

O projeto iniciou há trinta anos, mas quando tinha cerca de dois anos um grupo de uma igreja católica da Alemanha resolveu apoiar o projeto e até hoje esse grupo de pessoas ajuda a manter a casa.

Volto a falar de igrejas nesse diário. 
Lá na Brejal é comum a presença de muitas igrejas evangélicas que por sinal influenciam os pais a tirarem os filhos do projeto por ter o nome de Erê.

Volto a dizer... Lá não tem praça.

Mas tem igrejas.

A grande alegria da visita foi conhecer projetos como o Erê que dão um suporte a formação dessas crianças.

Víamos crianças expressivas, comunicativas e cheias de vida.

Ticiane dá aula de teatro por lá. Ao lado de sua sala fica a cozinha.



O cheiro de comida iluminava toda a casa.

A hora do lanche é a hora mais feliz.



Muitas crianças encontram no projeto uma oportunidade de fazerem uma refeição saudável.

Aos poucos uma menina se aproxima da cozinha e pergunta o que vai ser servido.

"Macarrão" - respondeu a educadora.

A menina saiu aos pulos dizendo: "Oba!".

Quando estagiei na Secretária Municipal de Educação lembro que muitas crianças tinham na merenda da escola a sua única refeição do dia. É por aqui também nesse estado que muitos políticos roubam o dinheiro da merenda.

Cada vez que vejo uma notícia de roubo de merenda eu lembro desse fato que descobri durante o estágio e do fundo do meu coração brota os desejos mais ruins para quem roubou a única refeição do dia de muitas crianças.

Tici nos levou a sala da educadora Nana. Era momento de contação de histórias de terror.
Participamos desse momento. Não resisti e contei uma história. As crianças entravam no meio e perguntavam e questionavam coisas da história que eu contava. Eu achei bonito isso deles e delas levantarem a voz para participar, para querer contar comigo.

Arthur sabe histórias de dinossauros




Brota uma esperança no peito, sabe?

Brota uma alegria de ver que a vida daquelas crianças pode ser diferente.

Mas muita coisa ao redor dificulta e isso nós sabemos. 

A começar pelo espaço onde vivem. Com ruas cheias de lama, com estátua do padroeiro imóvel lá, sem praça, sem lugar para esporte e lazer, com igreja abrindo suas portas para "acalentar" e criar intolerâncias.

Meus últimos relatos estão ficando mais crus. Eu tô como no poema da Adélia Prado quando diz:

 "Às vezes Deus me tira a poesia; olho pedra, vejo pedra mesmo".

É difícil encontrar na pedra a poesia quando tudo ao redor está cada vez mais para nos transformar em pedras. São direitos sendo perdidos, são espaços urbanos cada vez mais hostilizados e descuidados. 

Eu ando e me digo em pensamento "essa cidade quer nos matar, ela não nos permite ser".

Projetos como o "Erê" são luz que transformam  espaços de pedras em diamantes.

Arthur tirou uma foto nossa com Nana.



O espetáculo vai se apresentar para todos os erês na festa de aniversário de 30 anos do projeto.

Eu agradeço a Ticiane e a todas as educadoras da casa por nos receberem e encher nosso peito de esperança.



Conheça mais sobre o projeto aqui:


Bruno Alves

Esse projeto foi contemplado com o Prêmio Eris Maximiano de 2015.





01 agosto 2017

Prêmio Eris Maximiano: 9º Passo - Grota da Moenda


Era domingo de manhã.

Todo mundo estaria em casa.

Desci os degraus. 








Muitos degraus.

Havia som de reggae em alguma casa.
Havia som de funk do outro lado.

Tinham pessoas festejando o final de semana.

Outras estendiam as roupas no varal.

Gatos e cachorros passeavam pelo espaço.

Desço os degraus. 

Estou chegando a casa da minha prima.

Espero ela voltar do mercado e começamos a conversar sobre a apresentação do espetáculo dentro da grota.


Colocamos as nossas conversas em dia.

Tomamos café.

Ao fundo do quintal o Riacho do Reginaldo.



Na frente da casa ruelas estreitas e degraus que dão acesso ao Bairro do Feitosa.

Tomamos café.

Eu ainda não havia dormido.

Sempre gosto de estar com minha prima.

Suas filhas já casaram, tem filhas e moram por lá também.

Caminhamos pelo espaço. 


Escolhemos juntos o local da apresentação.

Não existe uma praça dentro da grota.

Do outro lado do riacho do Reginaldo jovens garotos jogam futebol em um terreno. Um campo improvisado.

Não há área de lazer na grota.

De madrugada minha prima sobe os degraus e vai até o posto pegar ficha para o médico.

Não há posto de saúde dentro da grota.



Pela manhã na segunda-feira ela subiria os degraus com as netas para levá-las a creche e a escola.

Não há creches e escola dentro da grota.

Há igrejas.

Muitas igrejas e bares.

Na maioria dos bairros periféricos que visitei percebi a dificuldade de espaços de lazer e socialização,quer dizer, espaços que não fossem bares e igrejas.

Não é uma questão de ser contra ou a favor da presença desses espaços dentro das comunidades. Não estou falando nisso. Estou apenas observando que esses lugares acabam ocupando esse espaço de socialização dentro da comunidade e por mais que sejam "bons" não são suficientes.

Uma praça, um parquinho, uma quadra para esportes, por exemplo. São coisas que trazem saúde para as pessoas.

Maceió fecha os olhos para suas grotas.

 Maceió acha que está por cima.

Minha prima e suas vizinhas me ajudaram a escolher o local para apresentar a peça.

"Volante" vai estar lá do lado do Riacho do Reginaldo, porque é um espaço que caracteriza e marca esse lugar e por que por ali eu vi, sorri e fui feliz com minhas primas.

Subo os degraus e saio no bairro da Pitanguinha. Volto andando para casa e refletindo a vivência.


No viaduto do Cepa vejo senhores  com faixa pedindo a "intervenção militar".


No meio do canteiro senhores e senhoras brancas em clima de churrasco de domingo pediam que os carros buzinassem a favor da "intervenção militar".

Domingo, 30 de julho de 2017.


Maceió pensa que está por cima.

Essa Maceió de cima é tão carente que não se contenta com curtidas no facebook. 

Agora eles pedem buzinaço para alimentar suas existências babacas.

Bruno Alves

Esse projeto foi contemplado com o Prêmio Eris Maximiano de 2015.