24 abril 2018

(Em processo de) "Follia" - Diário 03


Fevereiro foi chegando ao fim.

Liamos, conversávamos, treinávamos, mas ainda faltava alguma coisa.

Queríamos a experiência de perto, ao nosso lado. Queríamos viver o cotidiano de um hospital psiquiátrico.

Bruno Alves, Nivaldo Vasconcelos e Rayane Góes


Com a reforma psiquiátrica aos poucos as/os usuárias(os) dos serviços da saúde mental vão sendo inseridas dentro dos Centros de Atenção Psicossocial  - CAPS e nas Residências Terapêuticas.

Os CAPS são um grande avanço no tratamento psiquiátrico no Brasil. As pessoas vão sendo tratadas de forma humanizada e sendo apoiadas em uma inclusão social. 

No dia 11 de janeiro de 2018 acompanhamos pela imprensa local a retirada de pacientes da Casa de Saúde Miguel Couto, muitos destes com mais de 20 anos residindo naquele lugar. A saída para as Residências Terapêuticas foi uma forma de seguir a Política Nacional de Saúde Mental que cria as residências para incluir socialmente os antigos moradores do hospital e oferecer todos os serviços de saúde necessários com um acompanhamento que possibilite a inclusão social.

Vivência de Teatro para usuários


Leia a matéria da saída da Casa de Saúde Miguel Couto para as Residências Terapêuticas clicando AQUI!

As Residências Terapêuticas são um grande avanço e um passo importante para a inclusão e principalmente para a quebra dos muros que prendem a loucura. Muitos usuários são abandonados pelas famílias e tornam-se moradores fixos do hospital. A residência é uma forma de incluir e possibilitar um novo rumo e sentido na vida de cada um.

Diálogos

Mas um fato é que essa transição irá acontecendo ao longo dos meses e anos que seguem, isso se o atual governo que retrocede a cada dia não barrar esses avanços. Então, mesmo com esses passos que se dão para uma inclusão e humanização dos usuários do serviço de saúde mental ainda existem os hospitais e os seus respectivos moradores. O Hospital Escola Portugal Ramalho é um dos exemplos mais antigos e que recebe pessoas de todas as cidades do estado.

Queríamos entrar nesse hospital. Estar junto e ver o encontro acontecer de verdade.

No dia 5 de março de 2018 entramos em contato com Simone Duarte, Diretora do Grupo de Trabalho de Humanização do Hospital Escola Portugal Ramalho. Um pouco sobre o Histórico do Hospital AQUI!

Vivência em Teatro com usuários


Conversávamos com Simone sobre nosso projeto do Coletivo Volante de Teatro, a construção de "Follia" e da nossa vontade de querer estar junto. Simone foi muito receptiva a proposta do coletivo e de imediato nos encaminhou ao encontro de Hortência  de Farias, educadora física do hospital.

Houve um encanto à primeira vista pelo trabalho de Hortência de Farias, que já vem há muitos anos desenvolvendo um trabalho bonito de humanização dos serviços do hospital. Hortência junto com Samuel, que coordena as atividades do espaço, nos recebeu, nos acompanhou e ficamos sob a sua responsabilidade e supervisão durante nossa estadia no hospital.

Hortência é uma das grandes mobilizadoras dos trabalhos de humanização. Instiga e organiza ações culturais como no período que entravamos com a quinta edição da Paixão de Cristo. Tentamos contribuir de alguma forma com os ensaios da Paixão que já estava em andamento. Sobre a 5º Edição da Paixão de Cristo leia AQUI!


Firmamos nosso contrato com a Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - Uncisal, que é responsável pelo hospital, e assumimos o compromisso de realizar por um ano todas as terças-feiras vivências de teatro com os usuários e apoio nas ações realizadas com a organização de Hortência de Farias, nossa supervisora junto a Samuel Neto.

Matéria da TVE em dia, já com a nossa Vivência em Teatro:




Em conversas com Hortência tivemos muitas reflexões principalmente no que diz respeito a existência do hospital. Hortência ressaltava a importância dos CAPS e das residências e de que ainda existindo o hospital que seja um serviço humanizado para os seus usuários. 

Hortência é para nós um dos grandes exemplos de luta pela humanização.

Assim, começamos no dia 13 de Março nossa Residência de Criação Artística e Voluntariado dentro do Hospital Escola Portugal Ramalho. Atualmente o hospital é o espaço que recebe usuários de todas as partes do estado. 

Um passo de cada vez.

Nosso mês de março começou com nossa entrada dentro do hospital e o encontro com as pessoas que o compõem (usuários, técnicos, estudantes, dentre outros). 

A partir de nossa entrada no hospital toda a nossa vida, olhar e pesquisa começou a mudar. 

Nos próximos diários escreveremos mais sobre os encontros que nossa residência e voluntariado tem nos proporcionado.








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