17 julho 2015

Diálogos "Texto Ex Machina" - Sobre a Direção: Nivaldo Vasconcelos





 Palavras sobre a direção:
“Durmo e acordo com esses textos escritos em surto de criatividade e trabalhados com afinco na mesa da varanda, na sala enquanto assisto filmes, no ônibus na volta para casa...
Tudo em Bruno nasce assim, com inquietante labor e em silêncio. Perturbador.

E sempre que termina de escrever, tenho o enorme privilégio de ouvir sobre suas criações, primeiramente de forma acanhada, eu às vezes finjo não me interessar, viver junto tem dessas coisas, cometemos alguns crimes, me pergunto agora o porquê deste falso desprezo: Chego à resposta, eu com meu cinema me distancio do palco de Bruno, eu buscando a palavra no gesto e ele o gesto na palavra. Essas linguagens parecem que caminham para o irremediável rompimento. Elas parecem não caber no mesmo espaço.

Mas eu sentado ao lado de Bruno, acordando, dormindo, sonhando, vejo, claramente, que estas fronteiras já se desfizeram, tanto do meu cinema é do teatro dele, talvez, muito do teatro dele vem do meu cinema. Ambos somos movidos pelos afetos aos nossos ofícios, somos consumidos pela mesma furiosa tormenta chamada “processo criativo”, queremos falar, ouvir, queimar - Nos arrastamos no mesmo fio da navalha – texto ou roteiro, imagem ou corpo, caixa cênica ou tela, o que se projeta é inquietude e paixão.

A ideia de TEXTO EX-MACHINA vem para celebrar essa união, teatro e audiovisual, texto e imagem, verbo e espectro. Parto do texto para encontrar uma forma, mas que esta seja palco para a palavra, para a poesia do que foi escrito na busca de uma dramaturgia própria.
E para essa empreitada resolvi lidar com as leituras da maneira mais simples: O texto e o ator, a câmera e o diretor, estamos todos com nossas ferramentas, verbo e corpo, lupa e olho, é isso que temos, é com isso que faremos.

Devemos fazer! Deixar ecoar que tudo nasce livre e possível. Não acredite no plano errado, na fórmula do correto, no perfeito equilíbrio. Estes textos lidos para câmera, talvez aberrações no que se diz “corrente” para o cinema, para mim, soam possíveis.
Podemos nos encontrar! Podemos ler, reler e transformar. Podemos estar juntos! O texto e a câmera, a câmera e o texto.
Apresento-lhes TEXTO EX MACHINA.”

Nivaldo Vasconcelos

Nenhum comentário:

Postar um comentário