14 outubro 2015

Diálogos "Texto Ex Machina" por Bruno Alves

“Volante” é coisa mutável e que se desloca facilmente!
Virar a máquina e começar a descobrir outra possibilidade de criação dentro do contexto de “Texto Ex Machina” foi uma experiência enriquecedora.
Não costumo fotografar as coisas. Eu vivo as experiências e não tenho na maioria das vezes uma foto para lembrar aqueles momentos.
Morria de medo de encarar a máquina e se permitir vivenciar a construção de uma história através de uma lente, mas a “con-vivência” faz isso. Vou aprendendo a apreciar e a entender as possibilidades de diálogos que ela pode trazer.

tempo de usar as mãos e vencer os fantasmas

Nivaldo escolheu o texto e falou que queria atuar. No inicio pensei que fosse brincadeira, porém a coisa foi ficando séria e quando vimos já era hora de se permitir.
Isso me desbloqueou em muitas coisas, principalmente no que diz respeito a experienciar e se permitir brincar de fazer pra valer.
Quando iniciamos a gravação existia um receio singelo “encolhido no canto da parede” de ambas as partes. Era a nossa primeira vez! Moramos na mesma casa e era como se estivéssemos nos conhecendo naquele momento.
Eu tinha que entender o que eu queria da leitura de Nivaldo. Eu tinha principalmente de me entender com a câmera. Pela primeira vez eu não a esqueci, pois geralmente eu esqueço o monitor da máquina e assisto a cena do jeito que eu quero. É que meu olhar foi educado para o teatro e lá a gente vê o todo acontecendo e direciona o olhar para onde nos chama atenção. Entender que com a câmera não seria muito diferente me ajudou a imaginar que eu assistia a peça e com a ajuda dela ia vendo no enquadramento aquilo que me chamava para perto.

Nivaldo foi um ator disciplina com o texto e trouxe muitas propostas com o corpo para a construção, difícil mesmo era perder o controle da situação, coisa normal quando se é acostumado a estar por trás da câmera, porém eu fui assumindo aquele lugar que eu me permitia e fomos abrindo espaços para essa inversão. Entender o momento de inversão foi fundamental para que assumíssemos o desafio de fazer algo diferente de nossas experiências anteriores. Era questão de generosidade e de viver o lado do outro naqueles instantes.
Eu fiquei com muita vontade de gravar mais, para minha surpresa. Era como quando você se apaixona a primeira vista, mas no meu caso eu perdi a conta das vistas, porque foi preciso chegar esse momento para dizer que é possível e que é permitido por que nós nos permitimos.
Vamos seguindo com as próximas experiências, porque mudar o jogo e buscar outros caminhos é sempre necessário.



Bruno Alves

Assista ao Episódio VII clicando no link:


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