25 agosto 2015

"Diálogos" / "Sinantropia, ou Corpo de Gente" por Bruno Alves



“Sinantropia, ou Corpo de Gente” fala da espera, de faltas e das ausências.
Utilizei da repetição e o uso de um elemento/metáfora que aparece constantemente na vida das personagens como forma de expressar as incertezas e incomunicabilidade que ronda o ambiente em que estão inseridos.
Comecei a escrever depois de sentar num banco de praça e observar sem compromisso o movimento da vida naquele lugar.
Esse texto me vem de alguma maneira das leituras de Samuel Becket, no qual vou tentando antropofagicamente resignificar a espera de algum Godot com a crescente ausência de pombos na praça e a chegada de alguém não se sabe de onde e nem para quê. É uma possibilidade de redesenhar uma realidade, de experimentar os diálogos confusos, a ausência de nome, a animalização do ser humano e o incômodo de dividir um mesmo espaço. Aqui é uma suposição/provocação do que na vida certamente é cruel.
O texto foi entregue para atrizes e diretor.
Nesse terceiro episódio uma das coisas que me chamou atenção foi o diálogo cada vez mais crescente da linguagem do texto teatral com a releitura audiovisual. Aqui duas mulheres interpretam homens o que talvez em um filme não seja tão comum, porque no teatro esse passeio pelos gêneros sempre acontece, mas não é só isso que me deixa provocado, nesse episódio o diretor opta pela inserção da rubrica e recria a sua rubrica durante a filmagem. Vou entendo que “Texto Ex Machina” é um espaço de dramaturgias. Espaço de dramaturgia de ator/atriz, de diretor e de quem assiste.
Nivaldo permite e impulsiona para que as atrizes coloquem sua presença nessa composição.
Emoção!
Acompanhei a gravação e sempre com o olhar de observação e atenção as leituras que vão surgindo. Foram cinco horas de construção. Não converso com as atrizes ou diretor sobre o que eu quis dizer, porque isso eu já fiz escrevendo, agora me cabe receber as novas leituras sobre o texto para avaliar e aperfeiçoar essa escrita. Cabe a mim experienciar o texto naqueles corpos, corações e lentes. E que coisa engraçada essa dos textos para teatro guardados em gavetas virem à cena através de uma janela virtual. 
Percebo que acontece. Percebo que flui de alguma maneira dentro do processo de criação de outros artistas. Isso instiga!
Assisto e me emociono. Assisto de novo e volto ao estudo do texto.
Rayane Wise e Wanderlândia Melo entregaram seus corações naquela tarde. Via em seus olhos a emoção do encontro, da descoberta. A gente descobria junto cada frase que ia sendo lida. Essas contribuições que elas e ele trazem me ajudam a entender o texto, porque agora ele vive de alguma maneira dentro de alguém e ver de fora possibilita uma maior capacidade crítica para buscar melhorar e trabalhar cada vez mais.
Torço para que esses momentos sejam ricos de aprendizado para todxs nós e que de alguma maneira o acontecimento teatral/audiovisual aconteça dentro de quem por aqui chegar.
Viva as dramaturgias e todas as suas possibilidades de encontro!
Bruno Alves


Os episódios de TEXTO EX MACHINA estarão quinzenalmente na Página do Coletivo Volante.
Não percam dia 27, às 20h, a estreia do EPISÓDIO IVde TEXTO EX MACHINA: VALSA AZUL. 
Leitura de Lais Lira e Joelle Malta (cia do chapéu) 
Karina May (SOLAR: laboratório de meditação). 
Texto de Bruno Alves. 
Direção, fotografia e Montagem de Nivaldo Vasconcelos. 
Assistência: Bruno Alves e Felipe Benicio. 
Assistente de montagem: Felipe Benicio.
ASSISTA O TEASER
https://www.facebook.com/coletivovolante/videos/vb.802706763102294/1013271655379136/?type=2&theater
EPISÓDIO I
https://www.facebook.com/coletivovolante/videos/994968943876074/?pnref=story
EPISÓDIO II
https://www.facebook.com/coletivovolante/videos/vl.1682563795307314/999674193405549/?type=1&theater
EPISÓDIO III
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