24 dezembro 2016

CRÍTICA: Espetáculo "Volante" - Por Wanderlândia Melo

O Coletivo Volante
Espetáculo Volante-AL, Projeto SESC Palco Giratório 2016- Maceió- AL.
Por Wanderlândia de Melo Barbosa.

Resumo: O texto pretende entender o espetáculo Volante do Coletivo Volante sediado em Maceió Alagoas, que durante o Projeto Palco Giratório- SESC-AL foi convidado a representar o estado nessa programação de 2016. O texto também aborda uma síntese da trajetória do trabalho Volante. 

“De uma coisa eu tenho certeza, a gente nasce sabendo que 
vai morrer uma vez na vida, mas todo dia não.”
Volante, Coletivo Volante. 


Foto de Nivaldo Vasconcelos

Em 2014, em Maceió, produzindo o I Encontro de Palhaços de Maceió do Grupo Clowns de Quinta do qual atualmente faço parte, assisti um ensaio aberto do Volante espetáculo do Coletivo Volante com o ator Bruno Alves que também estava na programação, ensaio que o próprio Bruno Alves afirmava que era o primeiro trabalho do coletivo e também seu primeiro solo e que o espetáculo e ele estavam em processo de descobrir e experimentar possibilidades. 
Procurando o significado da palavra volante no Aurélio, descubro que: 1.V. voador. 2. Flutuante; ondulante. 3. Que pode mudar facilmente. 4. Transitório; efêmero. O Aurélio me traduz o que quero relembrar do ensaio aberto de 2014, para apresentação dois anos depois, no Projeto Palco Giratório 2016 edição Maceió- AL, entre esse dois anos pude assistir duas vezes esse espetáculo, onde percebo que o que foi alterado foi o cenário e consequentemente a encenação, o que antes possuía uma carroça enorme, na apresentação do SESC já não mais utilizada da forma que era. 
Para descobrir possibilidades para um espetáculo acredito que seja necessário praticar, e que se tenha oportunidade de experimentar em diversos espaços e/ou diversos públicos. E acompanhando o Coletivo com a ferramenta da página virtual e em conversa com o ator Bruno Alves, realmente foram diversos os espaços ocupados: Pátio, praças, quadras, beco e rua. 
Mas para edição do projeto, o SESC, dá um novo desafio a ser assumido pelo coletivo, ocupar um palco no modelo de Palco Italiano. E pela segunda vez o ator Bruno Alves declarou mais uma primeira vez, ter apresentado o espetáculo Volante em palco Italiano. 
Esse espetáculo tem três artistas, dois músicos e um ator, que juntos contam a história de um viajante, talvez um lunático, talvez um louco mas pra mim um poeta simples que nos vem pra contar suas história que verdade ou não foram vividas e isso já basta. 
A dramaturgia também de autoria de Bruno Alves, que relata que foi construída nas salas de ensaios e em ensaios fora de sala, onde os músicos com músicas, que não necessariamente está no espetáculo, foi um dos motes para a criação da mesma. 
Nesse percurso o personagem Severino, que não é Severino da rua de baixo, nem Severino de dona Maria só Severino, nos leva para lugares que hora está no passado, referente á história narrada, e hora nos traz para o presente, lugar do dialogo com a plateia. 
Caminhamos junto com Severino até o topo de uma montanha em busca do sol, para uma cidade de injustos consumidores de plástico; nadamos e provamos que precisamos repensar essa violenta maneira de querer resolver as coisas, com uma pecheira na cintura; e conhecemos Caetana que nem convidada foi, mas queria a desistência de quem acorda todos os dias na esperança de encontrar com a felicidade, que pode acontecer caso esteja em um baú em baixo de nós, mas como o enigma de encontrar a felicidade nunca é fácil então vamos evitando o encontro com Caetana. 
Entre o presente de Severino com o encontro com público e o passado historia narrada por ele é que encontramos em comum a música que antes mesmo de se tornar algo que complementar as histórias narradas, ocupando a pausa que há no silencio, ela é dialogo. O Severino enxergar os músicos e junto são cumplices, entre músicas e histórias narradas, chegam de povos em povos convencendo que aquilo tudo, aquelas prosas todas são verdades. 



A caixa cênica proporciona vários artifícios estéticos que por inúmeras questões que possa eu deduzir em relação á iluminação e o técnico, talvez o espetáculo (ou o iluminador, ou a produção do teatro), não tenham sido feliz em nos deixa sem ver o rosto de Severino, em momentos que o texto não era o suficiente, a música não era suficiente para falar o que o rosto de Severino nos falavam em meia luz. 
Existe um artista plástico chamado Bispo do Rosário, onde a estética do espetáculo me fez lembrar as obras dele, as cores. O figurino que me traz outras possibilidades de ser, a calça que ao avesso possibilita que outras linhas e costuras nos traga uma estética de não cotidiano. A personificação do mar, de Caetana que em cores opacas me leva aos lugares e a fantasias de forma confortante e bela. 
Espetáculo que aconteceu no dia 18 de abril no Teatro Jofre Soares, Maceió- AL ás 20:00, conquistando mais aliados para uma plateia de produções Alagoanas, onde de crianças a adultos, frequentastes ou não de casa de teatro, acredito que foi plantado uma semente para apreciações de produções locais, ou não locais. 


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