Piaçabuçu é uma cidade acesa!
Dormimos em Coruripe no dia 11 e chegamos na manhã do dia 12
em Piaçabuçu.
Ficamos em uma pousada na beirada do rio São Francisco.
Demos uma volta pela cidade para conhecer seu dia a dia, seu
ritmo, sua gente.
Almoçamos e relato aqui esse fato, porque não é todo dia que
temos a oportunidade de ter ao fundo na hora do almoço esse rio.
O rio tem uma energia que nos encanta. Impossível não lembrar o ocorrido com ator Domingos Montagner ao olhar para aquelas águas.
Às 14h saí com Jackson Lima e Jurandir Bozo para a rádio
Porto Belo FM. Por lá Dalva de Castro nos esperava para uma entrevista com o
locutor da rádio comunitária. Bozo se emocionou ao falar do rio que tem em sua
vida desde a infância. Foi emocionante ver a sua alegria pelas recordações que
o rio lhe traz e a tristeza pelos maus-tratos que ele vê acontecendo a cada
dia.
Saímos para o Povoado Mandim às 18h para passagem de som e
aquecimentos. Por lá a ONG “Olha o Chico!” fazia a produção local. A “Olha o
Chico” organiza mensalmente um sarau onde abre espaço para as pessoas da cidade
se expressarem com as linguagens artísticas. Trabalho lindo e de resistência de
Dalva e Jasiel.
Dalva falava da escolha do espaço por ser mais distanciado
do centro da cidade e pela necessidade de descentralizar as ações culturais
para as comunidades mais distantes.
Foi um espaço diferente o dessa apresentação, mas foi para
mim uma das experiências mais incríveis do circuito.
As pessoas foram chegando. Algumas ainda vendo de longe e se
chegando aos pouquinhos. Ao iniciar o espetáculo “Volante” por volta das
19h:30min o espaço estava cheio com pessoas dentro e ao redor.
A peça começou e a troca de energia foi tomando conta do lugar.
Que generosos os piaçabuçuenses. Foi para mim uma noite de muita emoção.
Ao final Dalva convidou uma morada para receber a Árvore da
Felicidade e ficar responsável para plantar na pracinha que por lá existe.
Ao lado do local escolhido para palco estava a exposição “Caminhos”
de Jackson Lima que tocava as pessoas que viam suas esculturas. Jackson tem uma
obra forte e poderosa. Nos envolve, nos toca, mexe com a gente. Sou um admirador
da obra e de sua pessoa cheia de simplicidade e generosidade. Conversamos ao
longo do dia. Jackson me ensinou muitas coisas com a sua fé e crença. Perguntei
sobre como haviam descoberto sua obra, pois o mesmo mora em um sítio na cidade
de Limoeiro de Anadia. Jackson me ensinou que as coisas quando estão para
acontecer nada impede que esse rio da vida siga fluindo.
| Rayane Wise e Jackson Lima entre uma de suas esculturas. |
Jurandir Bozo e sua banda animou o salão. Jurandir canta a
terra, as águas, o vento, as estrelas, o mar... Viver com sua banda esses dias
me ensinou muita coisa.
| "Pros Pés" Jurandir Bozo e os Gêmeos do Coco Jonathan e Jefferson |
Quando acabou a programação do Circuito SESC de Artes deu-se
início as apresentações dos moradores. As pessoas iam cantar, ler poemas e a
grande surpresa para mim foi conhecer o grupo de teatro que vem nascendo na
cidade: Os “Nobres Vagabundos”. Quanta força, quanta vontade eu via naquele grupo.
Traziam poemas de Bertolt Brecht e corpos acesos e vivos. Que troca maravilhosa
esse momento. Encontrar parte de nossa família foi fortalecedor. Como é importante a existência do grupo para a cidade.
| "Nobres Vagabundos", "Coletivo Volante de Teatro" e "Pros Pés" |
Terminamos a noite na ribeira cantando, vendo a lua sobre as
águas, rindo, contando piadas, falando sobre signos, quiromancia, bebendo
cachaça e agradecendo aquele encontro.
Piaçabuçu é terra acesa. Água de calmaria. A ONG “Olha o
Chico” é um presente para a cidade, pois agita, impulsiona a transformação
social através da arte.
A gratidão por esse encontro é imensa. Saímos muito felizes
com todo o circuito, pois foi momento rico em aprendizado.
Quero voltar de novo a Piaçabuçu.
Gratidão!
Que coisa mais linda
ResponderExcluirgente, foi um prazer imenso ter vocês conosco, essa troca de energia e de experiências foi de imenso crescimento tanto para os Nobres Vagabundos que estão surgindo agora, como para mim como pessoa, como ator e como um dos novos diretores dessa linda ONG chamada Olha o Chico, quero agradecer ao SESC e a cada um de vocês e dizer que as portas estão abertas para quando quiserem voltar.
ResponderExcluirPs: que seja logo kkkk.