05 fevereiro 2016

Oficina Barracão Teatro - dia 5




Tiche não abriu a gaiola para soltar o pássaro azul que existe em meu peito.
Tiche me mostrou a chave e deixou em minhas mãos à decisão de abrir ou não.
Abro delicadamente essa porta com a fechadura enferrujada. 
Abro e já não dói.
" o que você quer falar? Qual o seu lugar no mundo? Marque sua presença. Quando você se cala e não fala, alguém vai falar com você. Teatro também é vida. É posição. Se posicione".
Eu transcrevo essas frases a minha maneira, da maneira que ouvi e que ficou no meu coração. Tiche toca no coração se a gente se permite.
Cheguei no último dia afobado. Ansioso. 

Respiração faltando e coração acelerado. Meu cérebro me dizia que era o último dia, mas meu coração me dizia que era só o começo.
Tiche foi objetiva como sempre quando expressei que queria mais tempo e nos disse: " as coisas dura o tempo suficiente. Aproveite o tempo que foi vivido, esse momento na história da vida de todos nós".
Pausa no peito. Respiração encontra o seu lugar. Desacelera o coração. Agora o tempo fica suspenso, parado no ar, agora tudo é eterno e terno, agora é o futuro, o passado, o tempo reconfigurado dentro de mim. Agora tenho todo o tempo do mundo.
O que eu vou fazer com todo esse aprendizado? Vou continuar investigando a máscara? Eu não sei e por hora eu não pretendo ter respostas. Tiche me ensinou que a pergunta bem feita é mais importante que a resposta. Ela se pergunta a trinta anos e sua experiência lhe  traz respostas e mais perguntas. Sei que quero isso, mais perguntas do que respostas.
" as perguntas movem o mundo" alguém já falou em algum lugar.
Muita coisa ainda está mexendo dentro de mim. Aqui na casa de Lu e Matheus, que nos hospedaram, minha mala está uma bagunça. Não seria diferente dentro de mim. Bagunça boa. Bagunça renovadora.
Pois é! Dentro de mim já é carnaval. Desde o dia que cheguei aqui. É festa da carne e da alma. Festa de renovação de ideias.
" Coragem etimologicamente vem de coração", dizia pedindo para permitir que o coração tivesse vez dentro do nosso corpo.
Foi muito bom e em uma palavra não caberia a sensação que está dentro de mim. Que dure, que reverbere pelo tempo que tiver daqui pra frente.
Querida Tiche, eu te agradeço por sua generosidade e sabedoria. Você nos olhou e nos enxergou. Sua força e luz nos iluminará pelos próximos caminhos. Aqui no coração cabe muitos sentimentos e prevalece a gratidão por todos os momentos vividos.
Gratidão, 
Abracos
 Bruno.

P.S.: Está é a postagem de número 100 do blog. Evoe!

2 comentários:

  1. Tudo dura o tempo suficiente... O último dia é de uma pausa aterrorizante. Ao menos foi para mim.

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  2. Pois é! O último dia é onde tudo começa pra valer aqui fora na vida. Aterroriza, mas liberta.

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